Dança contemporânea une Japão e Portugal no Estúdio 13

25 de mai. de 2023, 00:00 — Joana Medeiros

O Estúdio 13 prepara-se para receber, amanhã, dia 27 de maio, pelas 21h30, o espetáculo de dança do coreógrafo e intérprete de dança contemporânea Rafael Alvarez, intitulado “Na onda da distância”.De acordo com o artista que se encontra pela primeira vez nos Açores, a ideia para este projeto partiu da observação do famoso quadro de  Katsushika Hokusai, “A grande onda”,  adaptada de modo a tornar-se numa “metáfora visual e dramatúrgica que envolve este espetáculo”.Por esse motivo, explica, este é um momento artístico com “uma relação muito intensa e muito presente com o mar”, tendo por base a ideia “de uma onda como geradora de movimento, de encontro e de circularidade”, sendo por isso, em simultâneo, “interessante estar num arquipélago a pensar nesta circularidade e nesta relação com a água, e como as ondas são geradoras de movimento e de energia”.Para além da vertente da dança contemporânea, “Na onda da distância” conta também com uma componente “visual, plástica e poética muito presente”, embora seja, simultaneamente, um “espetáculo muito minimalista”, explica o coreógrafo que, em conjunto com Noeli Kikuchi, ocupará o palco do Estúdio 13 amanhã.A par dos dois bailarinos em cena, Rafael Alvarez explica que, a nível cenográfico, este espetáculo “quase a preto e branco” conta apenas com “uma onda gigante feita de papel”, sendo o resultado de uma residência criativa em Tóquio, durante o ano de 2018, que pretende reforçar uma “ligação muito presente com o Japão” e “dar a ver um diálogo entre Portugal e o Japão” em palco, convidando o público a fazer uma “viagem mental, poética, visual e emocional” entre estes dois países.Para além do espetáculo em si, o coreógrafo natural de Lisboa procura, em todos os locais onde o apresenta, desenvolver várias atividades de mediação e de educação artística, como workshops, laboratórios de criação e exposições de fotografia, com o intuito de “captar a atenção do público e envolvê-lo enquanto participante”, centrando-se especificamente nos seniores.Neste sentido, durante o dia de ontem o artista desenvolveu um workshop com um grupo de seniores da Candelária, procurando envolver estas pessoas no conceito de um espetáculo que de outra forma provavelmente não teriam oportunidade de acompanhar.“Esta é uma forma de descentralizar os espetáculos que, normalmente, são apresentados nos grandes centros urbanos, é uma forma de aproximar pessoas que não têm esta facilidade de estar presentes nos espetáculos, não só pela sua idade, mas pela sua condição ou localização geográfica. É, também, uma forma de aproximar as pessoas através da dança e de tornar a dança mais democrática e acessível”, salienta o coreógrafo.Este tipo de trabalho que desenvolve com as comunidades locais ajuda também a refletir sobre “o lugar do corpo na sociedade atual e na forma como pensamos sobre a questão do envelhecimento”, propondo assim um envelhecimento, para além de ativo, “criativo”.O trabalho em questão resulta também do facto de o coreógrafo e intérprete de dança contemporânea procurar incluir nos seus espetáculos o cruzamento entre várias linguagens artísticas, ao estar “sempre interessado” em cruzar as diferentes áreas artísticas com as ciências sociais e humanas e a dimensão educativa das artes.No que diz respeito ao espetáculo em cena na noite de amanhã, este circulou, para além de Portugal, por vários países, nomeadamente Egito, Laos, Japão, Tailândia e Vietname entre os anos de 2018 e 2020, até esta circulação ser forçosamente interrompida devido à pandemia. Atualmente, retomada a programação cultural, “Na onda da distância” está em circulação em várias cidades de Portugal continental.