Custos para a saúde pública de manutenção na Portela devem ser incluídos
Aeroporto
21 de jul. de 2022, 11:19
— Lusa/AO Online
Num
comunicado divulgado em que denuncia a violação dos limites de
ruído no aeroporto de Lisboa e o não cumprimento das restrições para
voos noturnos, a Zero defende igualmente que a eventual relocalização do
Aeroporto Humberto Delgado “não pode servir de desculpa para não
realizar as intervenções” que mitiguem esta situação.A
associação refere que a situação constitui “um grave atentado à saúde
de dezenas de milhares de pessoas”, lembrando que, independentemente da
decisão sobre a relocalização, “o aeroporto manter-se-á em funcionamento
durante longos anos”.Entende que, no
contexto da Avaliação Ambiental Estratégica ao novo aeroporto de Lisboa,
os custos para a saúde pública da manutenção do aeroporto na Portela
devem ser quantificados e incluídos nas contas da relocalização e, a
este propósito, diz aguardar “com expectativa” a divulgação do estudo
que a Câmara Municipal de Lisboa se comprometeu em 2019 a promover para
conhecer os “impactes diversos da exploração do Aeroporto de Lisboa”.Segundo
a Zero, este estudo incidiria “nos vários focos de poluição
identificados, incluindo os níveis de ruído e emissões existentes e
efluentes produzidos, contemplando a incidência do tráfego atual na
saúde pública, no bem-estar e no ambiente”.Na
nota hoje divulgada, a associação diz que entre os dias 14 e 19 deste
mês realizou, em Camarate (Loures), a “mais extensa campanha de medições
de ruído aeroportuário desde 2019, tendo constatado que os limites
foram ultrapassados todos os dias tanto para a média ponderada de 24
horas como para o período noturno.Frisa
também que o regime de restrição de voos noturnos “continua a ser uma
farsa”, citando medições que tinham feito na semana iniciada a 11 de
julho e que apontam para um total de 140 movimentos entre as 00:00 e as
06:00, “o que corresponde a uma flagrante violação da legislação, que
estabelece um limite de 91 voos semanais”, escrevem.A
Zero lembra que, “ao contrário da esmagadora maioria das entidades
gestoras dos grandes aeroportos europeus, no ‘site’ do aeroporto de
Lisboa não existe um formulário que permita aos cidadãos de uma forma
expedita queixarem-se do ruído provocado pelo seu tráfego aéreo” e diz
que tem recebido muitas dessas queixas.Assim,
para facilitar a reclamação a todos os queixosos, a Zero disponibiliza
no seu próprio ‘site’ um formulário
(https://forms.gle/y7v8NWvmAsh3Vifv7) com vista a agilizar o envio das
reclamações para as entidades competentes.A
associação ambientalista sublinha igualmente que há um conjunto de
informação obrigatória - nomeadamente relativa ao sistema de
monitorização de ruído e ocorrência de voos noturnos - através de uma
plataforma que não existe.“Estamos perante
uma inação reveladora de uma total inépcia das autoridades de ambiente e
aeroportuárias em proteger a saúde pública, coadjuvadas por uma
conivência por parte das autarquias e do Governo, que continuam a
manifestar um autismo crónico e conveniente em relação a este problema”,
considera.