Cuca Roseta em exibição rara de fado na China esgota bilhetes numa hora

26 de mar. de 2018, 09:34 — Lusa/AO online

Acompanhada de três guitarristas, Cuca Roseta interpretou durante cerca de hora e meia um alinhamento que alternou entre temas tradicionais, como "Estranha Forma de Vida", e outros mais dinâmicos, como "Marcha da Esperança"."O meu fado não é propriamente ligado à tristeza", comentou a fadista antes do espetáculo. "O fado é um reflexo do que nós somos: eu sou uma pessoa positiva, que agarra a tristeza e vê o lado bom da vida", explicou.O concerto decorreu na sala de espetáculos da Qinghua, considerada a mais prestigiada universidade chinesa, localizada no norte de Pequim, e onde se formou o atual Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu antecessor, Hu Jintao.Estabelecido em 1911, o campus da Qinghua foi construído a partir de um antigo jardim imperial do século XVIII, preservando os lagos, espaços verdes e edifícios centenários. A universidade tem mais de 25.000 estudantes, segundo o seu 'site' oficial.Lá fora, a temperatura ultrapassava os vinte graus, anunciando o início da primavera em Pequim."Fantástico", afirmou no final do concerto uma professora chinesa, que ouviu fado pela primeira vez numa visita recente a Portugal. "A sua música transmite tristeza e força", disse.Mas havia também quem fosse pesquisando pelo termo 'Faduo' (fado, em chinês) no Baidu - o principal motor de busca na China -, revelando o exotismo daquele género musical entre a plateia."Comparado ao flamenco, por exemplo, o fado é ainda desconhecido do público chinês", comentou uma jornalista chinesa.Tratou-se do segundo espetáculo de fado organizado numa universidade chinesa, depois de em 2014 a fadista Liana ter atuado na Beijing Language and Culture University (BLCU), também em Pequim.Colocados à venda há duas semanas, os bilhetes para o concerto de Cuca Roseta, com um custo de 100 yuan (quase 13 euros), esgotaram numa hora.Cuca Roseta já tocou em África, Américas e Europa, mas o concerto de domingo foi a sua estreia na Ásia."Os estrangeiros não percebem a nossa língua, mas sentem a nossa música", disse. "Porque somos muito calorosos e muito intensos e afetivos, passamos isso através da música: o fado transmite essas emoções sem fronteira e sem língua".