CTT não conseguem alcançar objetivos de qualidade de serviço em 2019 como antecipado
23 de abr. de 2020, 10:35
— Lusa/AO Online
Numa nota enviada à Lusa, os Correios de Portugal referem que, "caso se tivessem
mantido os 11 indicadores e o Indicador Global de Qualidade do Serviço
(IGQS) e desconsiderados os resultados relativos às regiões autónomas
decorrentes na capacidade de transporte de carga aérea completamente
alheia aos CTT, ter-se-ia registado um IGQS de 107,5, acima do objetivo
de 100".Os CTT apontam que, em 2018,
"contra todas as expectativas e a tendência verificada na União
Europeia, alterou-se o enquadramento regulamentar em Portugal, passando
de 11 os indicadores medidos para 24 e tornando os objetivos dos
chamados Indicadores de Qualidade de Serviço (IQS) estranha e
desproporcionadamente exigentes, alguns deles de cumprimento impossível,
como os CTT tiveram oportunidade de alertar atempadamente a Anacom
[Autoridade Nacional de Comunicações]". Além
disso, "a agravar essa situação, alteraram-se ainda os procedimentos do
sistema de medição, que se tornou mais complexo, cerca de cinco vezes
mais oneroso e significativamente menos fiável", sendo que "estas
decisões foram impugnadas judicialmente pelos CTT, num processo que
decorre nas instâncias próprias", acrescentam.A
empresa liderada por João Bento sublinha que sempre assinalou "a
impossibilidade de cumprir estes novos indicadores: Portugal é um caso
único de exigência na União Europeia, com níveis tão altos que não
permitem o erro humano nem acomodar situações consequentes de ajustes,
mesmo que virtuosos, na eficiência da operação".No
entanto, "os CTT não se escudam nas questões meramente administrativas e
reconhecem que, a estas, acrescem ainda outras situações – algumas da
responsabilidade da empresa, ainda que em larga medida fora da esfera do
seu controlo – que, em 2019, do ponto de vista operacional,
dificultaram especialmente a sua atividade e prejudicaram a qualidade de
serviço, contribuindo para o não atingimento dos objetivos de
qualidade". Os CTT apontam que a
"dificuldade crescente na contratação de pessoal, devido à descida
contínua da taxa de desemprego verificada em Portugal ao longo de 2019,
não permitiu satisfazer plenamente as habituais necessidades de
contratação dos CTT para fazer face à época de férias, tanto no pessoal
afeto à distribuição como no pessoal afeto ao atendimento, por
comprovável falta de candidatos" e "estas faltas de pessoal, muito
significativas em algumas zonas do país, afetaram a distribuição,
durante a época de férias de verão e Natal".Além
disso, o serviço no ano passado "foi também afetado por grandes
constrangimentos no transporte aéreo para as ilhas e entre as ilhas,
especialmente para os Açores, por motivos absolutamente alheios aos CTT,
nomeadamente o cancelamento de voos ou situações em que os voos não
transportavam a carga aérea total contratada, por falta de capacidade".Acresce
ainda "o fim da operação, em abril, do cargueiro aéreo que supria
limitações nos voos regulares de passageiros" e a "falta de
infraestruturas e de transportes alternativos que permitam cumprir os
padrões de qualidade, entre outros", adiantam.A
isso foi somado o corte de energia no fornecer de 'datacenter' que
"afetou a totalidade dos sistemas, o absentismo causado por motivo de
greve e correspondentes reuniões plenárias a que os trabalhadores têm
direito e, ainda, as paralisações para descomissionamento de
equipamentos antigos e instalação de novos, cujo investimento totaliza
15 milhões de euros, no âmbito do Plano de Modernização e Investimento",
referiu a empresa.Assim, explicam os CTT,
"todos estes fatores, a par com a extrema exigência dos novos
indicadores de qualidade do serviço imposto pela Anacom, levaram a que
não fosse possível cumprir com indicadores em 2019". "No
período atual, de dificuldades impensáveis que atualmente atravessamos,
tudo tem sido feito para continuar a estar ao lado dos cidadãos, indo
muito além do que são as obrigações regulatórias", e os "CTT estão
conscientes do papel crítico que desempenham na manutenção de cadeias de
comunicação e logística vitais para a economia e a sociedade portuguesa
no atual contexto", sublinham.Os Correios
de Portugal "encaram com máxima responsabilidade esta missão, esperando
também poder recuperar os níveis de serviço, uma vez ultrapassados os
constrangimentos atuais, continuando a ligar pessoas e empresas, com
entrega total".Os CTT estão no último do contrato de concessão de 20 anos do serviço postal universal.