CTP questiona demora no desenvolvimento da decisão já tomada por Alcochete
25 de out. de 2024, 12:43
— Lusa/AO Online
Segundo a proposta de
Orçamento do Estado para 2025, o Governo vai avançar no próximo ano com a
execução de “estudos de base” para sustentar as soluções técnicas na
implementação do novo aeroporto de Lisboa, previsto para Alcochete,
conforme decisão tomada em 15 de maio. Confrontado
com este facto, Francisco Calheiros questionou, em declarações à Lusa à
margem do 49.º Congresso APAVT, que decorre em Huelva (Espanha), "o que
se tem feito nestes últimos meses" desde o anúncio da decisão por
Alcochete e o porquê da demora no desenvolvimento deste projeto.Ainda
assim, e por isso, "tem que haver uma alternativa urgente" ao aeroporto
de Lisboa, reforçou, reiterando o facto de se continuar a negar 'slots'
na capital de Portugal (autorizações de aterragem e descolagem nos
aeroportos) e de não acreditar que o futuro aeroporto se faça em seis ou
sete anos. "O que me preocupa é o exemplo
do Berlim, são os 16 anos que os alemães levaram a fazer um aeroporto
numa estrutura não existente", disse. Na
quinta-feira, na abertura do congresso da Associação Portuguesa das
Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Francisco Calheiros já tinha
abordado a relevância que via na divulgação de um cronograma para
Alcochete. "A decisão está tomada. Já
pedi para que se conhecesse o cronograma do aeroporto. Se ele existe,
que seja público, se não existe que se faça (...). A última estrutura
não existente que se fez, um grande aeroporto da Europa foi o de Berlim.
Demorou 16 anos a ser construído e estamos a falar de um país em que
são conhecidos pela sua competência e eficácia", disse.Hoje,
à Lusa, o responsável diz que, apesar de "o cronograma [que gere a
cronologia de tarefas, por exemplo] ser um detalhe, o Governo ficaria a
ganhar" se o divulgasse, para que se pudesse ir acompanhando,
monitorizando o desenvolvimento da futura obra."É urgente termos uma alternativa. Temos que forçar a situação para podermos ter Montijo daqui a dois ou três anos", insistiu.No
relatório que acompanha a proposta do OE2025, o Governo refere que “ao
nível aeroportuário, a solução para o Novo Aeroporto de Lisboa, na
localização definida pelo Governo, verá a execução dos estudos de base
que darão sustentação às soluções técnicas a encontrar na execução
daquela obra estruturante da realidade de mobilidade e competitividade
nacionais”. Além disso, diz o documento,
“no âmbito das infraestruturas aeroportuárias, destacam-se os objetivos
principais de dar continuidade ao processo de desenvolvimento do Novo
Aeroporto de Lisboa e garantir o aumento da capacidade do sistema
aeroportuário da região de Lisboa, em particular no Aeroporto Humberto
Delgado, até à entrada em operação" da nova infraestrutura. Assim,
para o Aeroporto Humberto Delgado, “é prioritário assegurar os
investimentos necessários que permitam atingir um volume de tráfego
anual de 40-45 milhões de passageiros, o que implica, além de
investimentos nos subsistemas de aeroporto (pista, ‘taxiways’, placas de
estacionamento, terminais e acessibilidades), um aumento do número de
movimentos por hora, com possibilidade de acrescerem dois outros por
tráfego aéreo de/para o aeródromo municipal de Cascais”, segundo o
documento.Em 27 de setembro, o presidente
do Conselho de Administração da ANA garantiu que a gestora aeroportuária
vai cumprir escrupulosamente os prazos para candidatura à construção do
Aeroporto Luís de Camões, no Campo de Tiro de Alcochete.A
garantia foi dada por José Luís Arnaut, que participava num debate
sobre os desafios da aviação e da ferrovia, no âmbito da 7.ª Cimeira do
Turismo Português, em Mafra, com o presidente da TAP, Luís Rodrigues, e o
presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas
Integrados de Transporte, Fernando Nunes da Silva.“[Vamos]
cumprir escrupulosamente e em tempo, […] o interesse também é nosso,
dentro do tempo possível e legal nós vamos cumprir”, respondeu o
presidente da ANA – Aeroportos de Portugal, quando questionado sobre se a
gestora aeroportuária vai cumprir as etapas definidas pelo Governo para
a apresentação da candidatura à construção do novo aeroporto.Em
maio, quando o executivo de Luís Montenegro anunciou a decisão de
construir a nova infraestrutura no Campo de Tiro de Alcochete, foi
definido também que o Governo faria o pedido de preparação de
candidatura à ANA no prazo de 30 dias e, depois, a gestora teria seis
meses para elaborar um relatório inicial, que deverá ser entregue até
meados de novembro.