Cruzeiros tiveram 1.º semestre "melhor que a desgraça prevista", diz Mário Ferreira
25 de jul. de 2020, 20:49
— AO Online/ Lusa
O empresário, que falava no âmbito da retoma dos cruzeiros no Douro, explica que na 'holding' que gere o turismo de cruzeiros estavam preparados para duas situações: o 'cenário zero', que representaria faturação zero até ao final do ano, e o cenário '15 de julho', nas quais existiam várias variáveis, entre as quais, retomar a atividade nesta altura, mas com taxas de ocupações inferiores.Neste último cenário, a Mystic continuaria "a ter prejuízos, mas já atenuados", refere Mário Ferreira. Passado que está o primeiro semestre do ano, o responsável diz que este período “correu melhor do que a desgraça prevista”."A realidade foi que até final de junho" a empresa teve "dois milhões de euros acima do previsto". Ou seja, "dentro do negativo ainda conseguimos ter dois milhões de euros positivos, já que faturámos alguma coisa em junho", refere.Assim, o empresário diz que, na semana passada, em conjunto com os seus sócios americanos na Mystic Invest, reviram a previsão de faturação até ao final do ano."A estimativa que temos, neste momento, é que possamos vir a faturar 90 milhões de euros [em 2020], o que não é nada face aos 270 milhões que esperávamos [no orçamento para este ano], mas ainda é alguma coisa. Se não fizéssemos nada - se fosse o 'cenário zero', teríamos 47 milhões de euros de Ebitda [Lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] negativos, quando antes estávamos à espera desse valor positivo. Por isso, agora, esperamos à volta de 25 milhões de Ebitda negativos, o que já não é tão mau, dada a situação e a dimensão global da empresa", explica Mário Ferreira.O CEO da Douro Azul destaca também que o grupo manteve o investimento de 110 milhões de euros, tendo cinco navios oceânicos ainda em Viana do Castelo em construção.Em Viana do Castelo, pronto, à espera de ser estreado, está um navio-hotel para o Douro, que será "a embarcação mais luxuosa da Douro Azul para estes cruzeiros", acrescentou."Não desacelerámos. Se tivéssemos parado o investimento não ia ser nada agradável para a indústria portuguesa. Fizemos um esforço para o manter", disse.A faturação "é, assim, um terço do que pensávamos antes e é com um grande esforço das nossas equipas que não têm medo, ao contrário do que acontece em outras empresas, de andar a trabalhar [nos navios] de máscaras e luvas, senão nem isto faturávamos", refere.Mário Ferreira diz que ainda têm "muita gente em 'lay-off'", mas já muito menos do que os 400 antes, dado que neste momento já estão navios a operar.A Douro Azul retomou esta semana a atividade no rio Douro, com um programa de quatro cruzeiros dirigido ao mercado português, a bordo do Douro Serenity."Ao longo dos anos temos tido muita dificuldade em explicar aos portugueses que num cruzeiro de uma semana no Douro há que fazer. Há o que ver, que é interessante. Tivemos sempre essa dificuldade e é um erro nosso. Os portugueses têm mais facilidade em ir aos cruzeiros do Reno, ao Danúbio, do que viajar em Portugal. Estamos a tentar esforçar-nos para mudar isso. Quem faz o Douro fica deliciado e diz maravilhas (...) Neste contexto, voltámos a acreditar que seria bom para nós e para os portugueses puderem andar cá dentro em coisas que muitas vezes têm qualidade superior às que usufruem lá fora", disse.Ainda assim, diz que as operações este ano são para a empresa ir "mantendo alguma atividade, para manter pessoal", pois "a sensação é que cada cruzeiro até ao final do ano é sempre a perder dinheiro".No entanto, nos "30 e tal" navios que detêm no resto do mundo a atividade "está a andar muito melhor"."Surpreendentemente essas é que são as boas notícias, é que aí já avançámos dentro dos 70, 75% de ocupação, no Danúbio, Reno, Croácia. A empresa que é direcionada para os cruzeiros de rio no mercado alemão [Nicko Cruises] é a que está a arrancar melhor", disse.Dadas as restrições nos portos, a empresa ainda não conseguiu avançar com os cruzeiros de mar.Mário Ferreira acrescentou que a Mystic Invest está a estudar seis empresas de cruzeiros no mercado americano com vista a aquisição de uma. "São empresas que estão em dificuldades financeiras e o mercado americano é muito bom para estarmos. São empresas agregadas a outras mega-empresas" de turismo, referiu sem querer especificar.Em maio de 2019, Mário Ferreira vendeu 40% da Mystic Invest Holding aos americanos do fundo Certares por 250 milhões de euros. Na altura, a revista Exame deu conta de que esta operação iria permitir reforçar o capital e provisões da companhia e investir em outros negócios, incluindo a empresa mãe, a Mystic Invest SGPS.A Certares é um fundo que investe em empresas de viagens, turismo e hotelaria, tendo ficado com posição minoritária na 'holding' que conta com empresas como a Douro Azul, a Nicko Cruises ou a Mystic Cruises.Entretanto, em 14 de maio deste ano, Mário Ferreira comprou 30,22% da Media Capital, que detém a TVI, através da Pluris Investments, mas sobre a estação televisiva o empresário não quis, neste momento, fazer comentários.