Cruz Vermelha reforça vigilância nos países vizinhos da Guiné-Conacri
Ébola
22 de fev. de 2021, 15:32
— Lusa/AO Online
"O
Ébola não quer saber de fronteiras. Estreitos laços sociais, culturais e
económicos entre comunidades da Guiné-Conacri e países vizinhos criam
um risco muito sério de propagação do vírus para a Libéria, Costa do
Marfim e Serra Leoa, e potencialmente, ainda mais longe", disse Mohammed
Mukhier, diretor regional para África da Federação Internacional das
Sociedades da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho (IFRC, na sigla em
inglês). Por isso, desde o alerta do
surto, a 14 de fevereiro, voluntários e pessoal da Cruz Vermelha da
Guiné-Conacri, Libéria, Costa do Marfim, Mali, Senegal e Serra Leoa
"intensificaram os esforços de vigilância e sensibilização das
comunidades". Para financiar estas
atividades, a IFRC lançou um apelo de emergência internacional para
conseguir 8,5 milhões de francos suíços (cerca de 7,8 milhões de euros)."Estamos
a lançar uma operação transfronteiriça integrada destinada a confinar
rapidamente o surto à sua localização atual e a conter rapidamente
qualquer eventual surto para além da Guiné-Conacri", acrescentou.Em
N'zérékoré, região da Guiné-Conacri onde foi declarado o surto de
Ébola, equipas da Cruz Vermelha foram mobilizadas para fazer enterros
"seguros e dignos" para as vítimas e estão também envolvidas na
desinfeção do hospital ao mesmo tempo que iniciaram uma campanha de
informação comunitária sobre o regresso da doença.Estima-se
que haja 1,3 milhões de pessoas a viver na região afetada pelo surto, o
primeiro na Guiné-Conacri após a epidemia de 2013-2016 na África
Ocidental, que matou 11.300 pessoas na Guiné-Conacri, Libéria e Serra
Leoa.O plano da Cruz Vermelha da
Guiné-Conacri prevê apoio para 420.000 pessoas, sensibilizando e
vigiando a comunidade, fornecendo serviços de água, saneamento e
higiene, enterros seguros, prevenção e controlo de infeções, bem como
apoio psicossocial.Nos países vizinhos, as
ações da Cruz Vermelha visarão mais 6 milhões de pessoas. Na Serra
Leoa, uma rede de 200 voluntários da Cruz Vermelha em Kambia e Kailahun
estão em alerta máximo e a conduzir atividades de vigilância. Além
disso, foram enviadas equipas para os outros quatro distritos - Kono,
Koinadugu, Área Ocidental e Pujehun - que fazem fronteira com a
Guiné-Conacri e a Libéria, onde mais 100 voluntários estão a preparar
atividades de sensibilização das populações.Também no Mali e no Senegal, as equipas da Cruz Vermelha estão a reforçar a vigilância nos pontos de fronteira. As
equipas da Cruz Vermelha estão também preocupadas com as necessidades
criadas pela limitação de movimentos das pessoas, numa tentativa de
conter o surto. De acordo com a Cruz
Vermelha, como resultado das medidas de saúde pública, "as pessoas
próximas do epicentro já estão a precisar de água, saneamento e serviços
de higiene, bem como de assistência alimentar."Este
surto é suscetível de complicar uma situação já difícil. As medidas de
contenção relacionadas com a covid-19 atualmente em implementação
exacerbaram a insegurança alimentar na região e isto pode levar à
relutância das comunidades em respeitar novas medidas preventivas que
estão a ser postas em prática para conter o Ébola", alertou Mukhier.De
acordo com os dados mais recente da OMS sobre o surto de Ébola na
Guiné-Conacri, foram registados oito casos do vírus (quatro confirmados e
quatro prováveis), cinco pessoas morreram e foram identificados 348
contactos, que estão a ser monitorizados.