Cruz Vermelha Portuguesa lança "Guia de etiqueta na saúde mental"
21 de mai. de 2025, 12:25
— Lusa/AO Online
“O Guia de
Etiqueta na Saúde Mental vai pela primeira vez juntar o tema das regras
de etiqueta com o tema da saúde mental, promovendo assim a
desmistificação deste segundo tema e dando a conhecer uma ferramenta
chamada primeiros socorros psicológicos”, disse à agência Lusa a
coautora do guia e psicóloga da CVP, Susana Gouveia.O
lançamento do guia surge na sequência do projeto #EU4Health, financiado
pela Comissão Europeia, que desde 2023 realiza sessões para capacitar a
comunidade em primeiros socorros psicológicos e intervém junto de
populações vulneráveis.O livro tem como
objetivo “mostrar o impacto que as regras de etiqueta têm, muitas vezes,
na saúde mental” e iniciar uma discussão para consciencializar e
desmistificar estes assuntos.“Desde cedo,
condicionamos aquilo que sentimos e a forma como nos exprimimos sobre
certas emoções, tentando manter a aparência de uma vida sem percalços” e
“um bom exemplo disso é a pergunta que fazemos já em forma de resposta:
Está tudo bem?”, que já condiciona, à partida, o que a outra pessoa vai
dizer, lê-se no guia.A psicóloga explicou
que muitas vezes se responde a esta questão “com um sim, porque a
pergunta já está enviesada para o bem” e quando a resposta for “não,
está tudo mal, a pessoa do outro lado provavelmente fica sem chão e sem
saber o que dizer”.O que se pretende com o
guia é que as pessoas percebam que há pequenos detalhes que não
necessitam de grande esforço, mas que fazem a diferença na interação com
outras pessoas, diminuindo a diferença entre aquilo que se sente e o
que se diz.O guia vai estar disponível
gratuitamente nas formações de primeiros socorros psicológicos e
‘online’, através de um ‘website’ próprio, e é publicado em português,
inglês e ucraniano, as três línguas exigidas no âmbito do projeto.
Sobre os primeiros socorros psicológicos, Susana Gouveia explicou que
não são apenas para situações extremas como guerras ou desastres
naturais, aplicando-se também a situações emocionais do dia-a-dia como o
diagnóstico de uma doença ou uma situação de desemprego.
Cada pessoa reage de forma diferente, e o que pode ser trivial para um
pode ser devastador para outro e, como tal, os primeiros socorros
psicológicos devem ser universais, acessíveis e compreensíveis para toda
a comunidade.“O que nos interessa é que
se quebrem barreiras para falar de saúde mental, se desmistifique a
saúde mental, porque acabamos por não falar sobre as coisas, porque está
tudo bem, e vamos colocando para baixo do tapete, quando na prática
estão várias coisas mal”, o que leva a que as pessoas “andem em tipo
panela de pressão e rebentam em qualquer situação menos ajustada”,
salientou.Susana Gouveia acrescentou que o
guia está escrito de “uma forma bastante acessível, com um tom de humor
q.b., tratando os assuntos de uma forma bastante simples, sem ser
simplista, e de uma maneira bastante leve, apesar de os assuntos às
vezes serem pesados do ponto de vista do conteúdo”.Na
sessão de lançamento, a CVP vai juntar vozes conhecidas, partilhar
histórias reais e lançar um debate sobre a importância de saber como
apoiar o outro em situações difíceis, deixando de lado o que as normas
sociais dizem.Além do guia, o projeto,
“que está a chegar ao fim”, vai deixar a sua marca em quatro cidades
portuguesas com murais de arte urbana que representam os três princípios
de ação dos primeiros socorros psicológicos: Ver, ouvir e ligar.