Cruz Vermelha alerta para os problemas sociais escondidos n' #APortaAoLado
4 de abr. de 2025, 16:03
— Lusa/AO Online
Segundo o
presidente da CVP, a criação do movimento social de alerta #APortaAoLado
surge na sequência de uma avaliação feita pelo organismo, que tem por
base os dados estatísticos mais recentes, relativos a 2023, que apontam
para cerca de 500 mil idosos a viverem sozinhos.António
Saraiva salientou que Portugal tem a maior percentagem de população
idosa da União Europeia e a quarta maior do mundo e defendeu que esses
são dados que devem inquietar toda a sociedade.“Só
em 2024, o nosso centro de teleassistência recebeu praticamente 33 mil
chamadas, dos quais 57% delas tinham como objetivo mitigar o isolamento
social e garantir companhia, ouvir uma voz”, revelou.Por
outro lado, a CVP fez “145 mil chamadas proativas no sentido de
verificar o bem-estar destes utentes”, ao mesmo tempo que os pedidos de
ajuda à Cruz Vermelha aumentaram 126% nos últimos dois anos.“São
números que nos devem inquietar, porque o crescimento da procura de
bens essenciais em 2024 subiu 62%, o apoio a sem-abrigo entre 2022 e
2023 cresceu 80%”, acrescentou.António
Saraiva defendeu que estes dados estatísticos devem inquietar e são a
razão pela qual o organismo avança com o movimento #APortaAoLado.“É
um movimento nacional com a distribuição de cerca de um milhão de
mensagens em caixas de correio, com uma pergunta central da campanha,
‘Quantos vizinhos conhece pelo nome?’, apelando à consciência social e à
proximidade comunitária”, explicou, salientando como, muitas vezes, “o
vizinho do segundo não conhece o do primeiro ou não tem com ele qualquer
relação de vizinhança”.Na opinião do
responsável, a iniciativa “é sobretudo um convite a repensar a coesão
comunitária, a empatia, o papel de cada um na reconstrução do tecido
social”, na qual a Cruz Vermelha pretende assumir-se como o meio para
gerar “empatia e ação num país e num tempo civilizacional onde a
exclusão muitas vezes se esconde atrás de portas fechadas”.De
acordo com António Saraiva, “a emergência é real” e os números
demonstram-no, defendendo, por isso, que há necessidade de partilha, de
apelo à consciência social, e de a sociedade deixar de viver em “guetos
sociais”.Alertou também para o facto de,
além de existirem cerca de 500 mil idosos a viverem sozinhos, por trás
das portas fechadas poderem estar realidades de pobreza, doenças mentais
ou outras para as quais é preciso estar atento e dar a ajuda
necessária.Para o presidente da CVP, a
expectativa é a de que a pergunta nas mensagens na caixa do correio leve
cada um a perceber que “provavelmente o vizinho está com uma pobreza
escondida”, que basta tocar à porta, “tentar perceber o nome, perceber
se na vizinhança pode fazer alguma coisa”.António
Saraiva disse que as 147 delegações da CVP, distribuídas de norte a sul
de Portugal Continental, Madeira e Açores, receberam já os panfletos e
que a distribuição será feita por voluntários, estimando que possa estar
concluída dentro de duas semanas.