A
vice-governadora republicana da Virgínia, Winsome Earle-Sears, outrora
apoiante de Trump, disse na quinta-feira que os eleitores enviaram,
através da votação, “uma mensagem muito clara” de que “basta”.“Os
eleitores falaram e disseram que querem um líder diferente e um
verdadeiro líder entende quando se torna um obstáculo”, disse
Earle-Sears à televisão Fox Business. “Um verdadeiro líder entende
quando é hora de sair do palco. É hora de seguir em frente."Earle-Sears,
que foi copresidente de um grupo de afro-americanos que apoiou a
reeleição de Trump em 2020, disse também que “simplesmente não podia”
apoiar outra campanha do antigo presidente.John
Thune, o número dois dos republicanos no Senado, a câmara alta do
parlamento norte-americano, destacou o papel de Trump na escolha,
durante as primárias, no início do ano, de alguns candidatos
inexperientes e controversos que acabaram por perderam nas eleições de
terça-feira.Numa entrevista, Thune disse que “não há substituto para candidatos de boa qualidade”.“Tivemos
algumas primárias muito disputadas e competitivas este ano”, disse
Thune, que foi facilmente reeleito. “E em alguns casos, havia muitas
forças em ação, incluindo pessoas de fora a fazer recomendações em
algumas dessas corridas.”Thune disse
esperar que o partido comece a ver o surgimento de líderes mais jovens.
“Não se pode ter um partido construído em torno da personalidade de uma
pessoa”, sublinhou.Paul Ryan, o antigo
presidente da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento
norte-americano, que entrou em conflito com Trump durante os dois
primeiros anos no cargo, chamou Trump de “um travão na nossa
candidatura”. “Queremos vencer. Queremos
ganhar a Casa Branca e sabemos que com Trump temos muito mais hipóteses
de perder”, disse Ryan, em entrevista à televisão WISN 12 News. “Se
tivermos um candidato que não seja Trump, é muito mais provável que
ganhemos a Casa Branca”, acrescentou.O
antigo senador republicano pela Pensilvânia, Pat Toomey, também culpou a
intervenção de Trump pelas perdas do Partido Republicano no estado da
Pensilvânia e destacou que os candidatos apoiados por Trump tiveram um
desempenho pior do que outros republicanos."Acho
que o meu partido precisa de encarar o facto de que, se a fidelidade a
Donald Trump é o critério principal para selecionar os candidatos,
provavelmente não nos sairemos muito bem", disse Toomey à televisão CNN."Em
todo o país há uma correlação muito alta entre os candidatos do MAGA
[‘Make America Great Again’, icónico 'slogan' de campanha de Donald
Trump que significa "Tornar a América Grande de Novo"] e grandes perdas
ou, pelo menos, um desempenho dramaticamente abaixo do esperado,"
acrescentou.Na quarta-feira, Donald Trump
admitiu que os resultados do partido foram "de certa forma
dececionantes" por não terem produzido a "onda vermelha" (a cor dos
Republicanos) no Congresso que algumas sondagens previam.No
entanto, o ex-presidente acrescentou, numa mensagem na sua rede social,
a Truth Social, que, segundo o seu ponto de vista "pessoal", foram um
triunfo.No dia anterior, Trump, que tem
mencionado a possibilidade de uma nova candidatura à Casa Branca, tinha
prometido fazer “um grande anúncio” a 15 de novembro.Com
a contagem de votos para as eleições intercalares norte-americanas no
segundo dia, os Republicanos estão a apenas nove lugares de alcançarem a
maioria na Câmara de Representantes e o controlo do Senado está ainda
em aberto.Segundo projeções do jornal
Politico, os Republicanos lideram a conquista de lugares no Senado com
49 assentos, face a 48 assegurados pelos Democratas, num total de 100
assentos em disputa.No Arizona e Nevada tudo permanece em aberto, com centenas de milhares de votos ainda a serem contabilizados.Contudo,
a Geórgia será responsável por arrastar o processo eleitoral até
dezembro, quando o estado irá novamente a votos para nomear um senador
para o Congresso, depois de nenhum dos candidatos ter atingido a marca
de 50%.