Crise sísmica nos Açores devido à interação entre sistemas vulcânicos e tectónicos
12 de fev. de 2018, 12:04
— Lusa/AO online
“Os
Açores são alvo de crises sísmicas com alguma regularidade e que são
semelhantes às que estão a ocorrer hoje. Na origem desta crise sísmica
está a interação entre os sistemas vulcânicos e os sistemas tectónicos
da ilha.De
acordo com o presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera
(IPMA), as ilhas dos Açores estão localizadas numa zona particularmente
ativas.“É uma
fronteira de placa reconhecida e tem uma velocidade de extensão entre os
4 e os 5 milímetros por ano. Todos os anos existe um bocadinho mais de
extensão, o que leva a uma interação entre os sistemas vulcânicos e
tectónicos que dão origem a uma libertação de energia sobre a forma de
pequenos sismos, que podem não ser pequenos”, disse.Miguel Miranda explicou que a região do Congro é das regiões mais ativas dos Açores e a mais ativa de São Miguel.“Existem
condições do ponto de vista geológico que conduzem a este tipo de
situações. No IPMA fazemos a vigilância sismológica e os nossos colegas
da Universidade dos Açores fazem a vigilância geoquímica e cronológica.
Só quando pudermos juntar todos os dados de um lado e do outro é que
vamos ter uma avaliação mais realista do que se está a passar. Estamos
todos em contacto e a trabalhar”, sublinhou.O
geofísico destacou também que ainda é difícil dizer com certeza quantos
abalos foram sentidos e as magnitudes, sendo previsível dados mais
concretos dentro de dias.Miguel
Miranda disse também à Lusa que a crise sísmica “ainda agora começou,
salientando que para já não é possível prever se vai haver abalos com
maior intensidade nos Açores.
“Para já não é previsível saber se vamos ter sismos mais importantes ou
não. É preciso que estejamos preparados para todos os acontecimentos
que possam ocorrer. A proteção civil regional tem sido bastante clara
sobre os aconselhamentos que dá a população e é muito importante que as
pessoas sigam estritamente o que os serviços estão a emitir”, disse à
Lusa Miguel Miranda.O responsável recomendou ainda às populações que estejam informados e sigam os conselhos do Serviço Regional de Proteção Civil.“Volto
a sublinhar que nunca é demais dizer às populações para seguirem as
indicações da proteção civil regional (…). É preciso atuar como se o
risco fosse sempre muito importante”, destacou.Centenas
de sismos com magnitude entre 1,9 e 3,6 na escala de Richter foram
registados desde as 00:47 de hoje na ilha de São Miguel, Açores,
mantendo-se uma atividade sísmica acima dos valores de referência.
Em comunicado, o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos
Açores (CIVISA) adianta que desde as 23:47 de domingo (00:47 de hoje em
Lisboa) foram registadas várias centenas de microssismos com epicentro
entre as lagoas do Fogo e das Furnas, na sua maioria de magnitude
inferior a 3 na escala de Richter.
“Na generalidade, os eventos têm sido sentidos numa faixa entre Água de
Pau e Povoação, a sul, e Rabo de Peixe e Fenais da Ajuda, a norte”,
revela o CIVISA, acrescentando estar a acompanhar o evoluir da
atividade.