Autor: Lusa/AO On Line
“The children left behind” (“As crianças abandonadas”) é o nome do documento da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) que chama a atenção para os meninos “em risco de não serem incluídos nem protegidos pelas sociedades saudáveis em que vivem”.
O estudo avalia 24 países da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE).
“Quer seja na saúde, na educação ou em bem estar material, algumas crianças estarão sempre longe da média. A questão é tentar perceber quão longe eles estão?”, questiona o relatório, que tenta responder a esta pergunta comparando a situação média da população infantil com a dos que estão no "fim de linha".
A realidade que se vive nos países avaliados percebe-se pelas tabelas: os povos que surgem no topo são os que garantem menos desigualdades às crianças.
No que toca à saúde, acima da média da OCDE, Portugal aparece em terceiro lugar, após a Holanda (1º) e a Noruega (2º). A Alemanha surge em quarto lugar e a Suíça em quinto.
Para detetar as disparidades, os investigadores avaliaram três indicadores: queixas de saúde feitas pelas próprias crianças, hábitos de alimentação saudável e actividade física.
No item sobre bem-estar material, os meninos portugueses surgem em 16º lugar (no grupo dos países com valores abaixo da média da OCDE).
Abaixo de Portugal aparecem o Canadá (17º), a Grécia (18º), o Reino Unido (19º), a Itália (20º), a Polónia (21º), a Hungria (22º), os Estados Unidos (23º) e a Eslováquia (24º).
Já na área da educação, os portugueses estão em 14º lugar, a meio de uma tabela liderada pela Finlândia (1º), seguida da Irlanda (2º), do Canadá (3º), da Dinamarca (4º), da Polónia (5º), da Hungria (6º) e da Suécia (7º).
Quando avaliados os três itens (saúde, bem-estar material e educação), Portugal recebe seis pontos, ficando no terceiro grupo juntamente com a Áustria, o Canadá, a França, a Alemanha e a Polónia.
Acima dos portugueses estão dois grupos de países: Dinamarca, Finlândia, Holanda e Suíça são os mais bem classificados (com oito pontos), seguindo-se o grupo dos sete pontos (Islândia, Irlanda, Noruega e Suécia).
Em último lugar surgem três países com três pontos: Grécia, Itália e Estados Unidos.
Os dados usados para chegar a estas conclusões são anteriores à crise de 2008 e os autores do documento salientam que o mundo “muito mudou” desde então: a “recessão económica afetou milhões” de pessoas e o desemprego disparou (mais de cinco milhões ficaram sem trabalho entretanto).
Por tudo isto, refere o documento, a imagem de desigualdade expressa no estudo é uma “fotografia tirada nos bons velhos tempos”.
Não existem ainda dados que permitam perceber os impactos da crise nas crianças mais desfavorecidas mas, para a Unicef, existe uma certeza: "Nos tempos difíceis, as crianças mais pobres devem ser as primeiras a ser protegidas, não as últimas a ser consideradas”.