Criada nos Açores subcomissão para analisar propostas de reforma de autonomia
7 de jan. de 2019, 18:37
— Lusa/AO online
Francisco
Coelho, que falava aos jornalistas após a reunião da CEVERA que
aconteceu hoje, à porta fechada, na delegação da Assembleia Legislativa
Regional dos Açores (ALRA) de Ponta Delgada, anunciou que vai ser
constituída uma subcomissão do grupo que analisa a reforma da autonomia
da região, constituída por “três deputados do PS, dois do PSD e um de
cada um dos restantes grupo e representações parlamentares”.De acordo com o responsável, a subcomissão irá reunir-se já nos dias 23 e 24 de janeiro, na delegação terceirense da ALRA.Segundo
adiantou o deputado socialista, “foram entregues um conjunto de
propostas de cinco grupos parlamentares até ao dia 31 [de dezembro], com
graus de concretização diversos”.O
ex-presidente do parlamento açoriano afirmou que “há matéria suficiente
e um conjunto de propostas suficientes” para dar seguimento ao
trabalho, “que será, sobretudo, um trabalho de constatação dos consensos
naturais que existem acerca de um conjunto de matérias, das
divergências que, naturalmente, também existirão, e da consensualização
dessas divergências e da negociação que se fará a esse respeito”.Sobre
a necessidade da criação de uma subcomissão, disse que o grupo concluiu
que “seria útil, em termos metodológicos”, já que o que se segue é um
“trabalho mais minucioso e também mais técnico.A
subcomissão da CEVERA irá analisar as matérias propostas pelos grupos
parlamentares, das quais se destaca uma eventual revisão constitucional
sobre a autonomia, mas que inclui “propostas que têm a ver com a lei
eleitoral, com a iniciativa legislativa dos cidadãos, com os Conselhos
de Ilha, com a articulação entre o poder regional e o poder local, com a
participação dos cidadãos e com a própria revisão do Estatuto
[Político-Administrativo dos Açores], designadamente em matérias como a
gestão do mar territorial dos Açores”.“Quando
as propostas estiverem finalizadas, dependendo da natureza delas, elas
poderão ter uma de duas vias: ou serem da competência, nalguns casos
mesmo de aprovação, do parlamento dos Açores, como, por exemplo, uma
eventual revisão da legislação relacionada com os Conselhos de Ilha, ou
serem, o que acontecerá também eventualmente até na maior parte dos
casos, da competência da Assembleia da República, independentemente da
iniciativa ser competência reservada do parlamento dos Açores”, explicou
o presidente da CEVERA.Francisco
Coelho, que lidera a comissão constituída em janeiro de 2017, afirmou
que este é um processo “difícil e de algum modo moroso, mas também muito
interessante e gratificante”, explicando que o “que é mais moroso e
mais delicado é, exatamente, conseguir, de propostas divergentes e, por
vezes, até antagónicas, fazer o consenso político o mais alargado
possível que é absolutamente essencial, quer em termos de legitimidade,
quer em termos de viabilidade prática existir nos Açores, designadamente
para aquelas que terão de ser aprovadas na Assembleia da República”.Garantiu,
no entanto, que “esse trabalho de consensualização vai começar a ser
feito”, sublinhando que “a reforma da autonomia garante a dignidade, a
competência e o desenvolvimento dos Açores e vale a pena dar mais tempo a
quem precisa para que o consenso se faça e a nossa legitimidade
aumentada possa prevalecer aqui e em Lisboa".