CP garante retomar reestruturação das tabelas salariais com novo Governo
28 de abr. de 2025, 10:08
— Lusa/AO Online
“Uma
vez que as soluções implicam um aumento da massa salarial global
superior a 4,7%, e que ultrapassam o limite estabelecido pelo Despacho
n.º 1103-B/2025, do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças,
qualquer decisão que ultrapasse esse limite, necessita de autorização
tutelar, que neste momento não é possível conceder devido à atual
situação de Governo em gestão”, esclareceu a CP – Comboios de Portugal,
em resposta escrita à Lusa no domingo. Os
revisores da CP cumprem hoje uma greve convocada pelo Sindicato
Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) que, segundo a
empresa, provocou a paralisação total da circulação de comboios entre as
00h00 e as 10h00.Num comunicado assinado
por 13 estruturas sindicais, os representantes dos trabalhadores dão
conta de que houve uma reunião no sábado à tarde entre a CP e os
sindicatos, na qual “o presidente da administração da CP informou todas
as organizações sindicais de que o Governo não autorizou a administração
a aplicar a última proposta” apresentada.Segundo
os sindicatos, trata-se de um “processo inédito”, já que a
administração tinha apresentado uma contraproposta na quinta-feira para,
dois dias depois, “dar o dito por não dito” e retirar essa proposta da
mesa das negociações.Em resposta à Lusa, a
CP reafirmou o compromisso de retomar o processo de reestruturação das
tabelas salariais “assim que estiverem reunidas todas as condições”.Também
em resposta à Lusa, o Ministério das Infraestruturas e Habitação,
confirmou que a proposta da empresa “não é enquadrável no âmbito das
competências de um Governo em gestão”.Segundo
os sindicatos, a proposta da CP passava por um novo aumento a partir do
mês de janeiro de 2025, a somar aos 34 euros aplicados por ato de
gestão, de modo que seja reposta a diferença com o SMN – Salário Mínimo
Nacional de 2018, um aumento variável em função de cada índice.A
empresa iria também aumentar em 4% todos os trabalhadores em dezembro
de 2025, além de reduzir os tempos de permanência no primeiro índice
para um ano, no segundo para dois anos, nos seguintes para três e no
último para quatro, a partir de janeiro deste ano.Os sindicatos adiantaram também que se mantém a greve convocada para os dias 07 e 08 de maio.Segundo
o SFRCI, a adesão à greve de hoje é de 100%, não tendo circulado
qualquer comboio desde o início da paralisação às 00:00, lembrando que
não foram definidos serviços mínimos.O
tribunal arbitral concluiu que “não se afigura adequado, ao abrigo dos
critérios constitucionais e legais, a definição de serviços mínimos
relativos à circulação das composições de transporte de passageiros, bem
como à utilização das respetivas estruturas, por se tratar de uma greve
de curta duração, de um dia apenas”, lê-se na decisão. O
coletivo de árbitros presidido por Jorge Bacelar Gouveia concluiu ainda
que “não se reconhece que a circulação daquelas composições e a
utilização das respetivas estruturas pudessem mostrar-se apta à
satisfação de necessidades sociais impreteríveis, designadamente em
matéria de acesso aos cuidados de saúde, às escolas e a serviços de
segurança nesse concreto contexto, havendo outros meios alternativos de
transporte”.