Covid-19: Empresas de autocarros pedem que lotação seja equiparada a aviões
29 de ago. de 2020, 10:44
— AO Online/ Lusa
Em comunicado, o organismo referiu que “tinha a expectativa de que o Conselho de Ministros de dia 27 de agosto tivesse agendada a votação da limitação da lotação das viaturas com lugares exclusivamente sentados, sendo surpreendido pela ausência deste ponto”.“Neste momento, existe a limitação de lotação das viaturas de passageiros a 2/3 da sua capacidade, mesmo quando em viaturas de lugares exclusivamente sentados, em Portugal continental”, referiu a associação, na mesma nota.“Os autocarros de turismo diferenciam-se dos autocarros urbanos precisamente porque todos os passageiros seguem a viagem sentados e numa única direção, à semelhança dos aviões”, indicou a entidade, recordando que “tratando-se dum ambiente controlado, permanentemente higienizado, em que todos os passageiros usam máscara, com circulação unidirecional e sem contacto entre passageiros, é uma situação que já mereceu o levantamento de restrições em Espanha e França e na situação análoga dos aviões (com muitos mais passageiros)”.“O Governo português insiste no erro de considerar os autocarros de turismo iguais aos autocarros urbanos, composições do metro ou comboios urbanos, condenando o nosso setor a limitações injustas (até perante a lei) em comparação com equipamentos semelhantes, outras partes do território nacional e concorrentes estrangeiros”, lamentou a SOS Autocarros.A associação garantiu que “as empresas dos autocarros de turismo têm quebras de faturação de 80% a 100%”, recordando que "o ‘lay-off’ simplificado terminou a sua capacidade de resposta ao setor em julho", que "em setembro termina a disponibilidade das seguradoras para reduzir o valor dos seguros das frotas” e em março de 2021 "terminam as moratórias das prestações das viaturas"."Perante este cenário, os empresários ponderam agora despedimentos em massa, venda ao desbarato das suas viaturas, fecho das empresas ou mesmo a insolvência”, alertou o organismo. Apelaram, no mesmo contexto, que o Governo “constituísse uma equipa multiministerial" que realizasse reuniões "com os representantes das empresas de autocarros de turismo e setores deles dependentes e encontrassem soluções urgentes” para vários problemas, como necessidades de financiamento, despedimentos em massa, revalorização das empresas e a “revisão da lotação permitida nos autocarros de turismo, equiparando-a à realidade dos aviões”, entre outros. Além disso, a SOS Autocarros aconselhou “a que se aproveitasse a constituição dessas equipas para preparar um futuro pós-covid-19 diferente para o setor” através da “concessão de apoios semelhantes aos dos camiões no gasóleo e portagens, como forma de aumentar a rendibilidade futura destas empresas e reconhecendo que o uso que é feito desses bens é meramente profissional”, da revisão do enquadramento legal do setor para que "se consigam alcançar reservas nas empresas que suportem melhor uma futura crise” e do “apoio ao acesso à profissão de motorista de turismo e sua proteção perante cenários de instabilidade económica”.Para setembro, a organização planeou duas ações de protesto, iniciando no dia 10 uma “Volta a Portugal com um autocarro que percorrerá todos os distritos de Portugal Continental para recolher as matrículas das viaturas em risco, símbolo dos 2.000 postos de trabalho em risco e dos milhões de euros de investimentos que onerarão pesadamente os bancos e o erário público se nada for feito”, e no dia 16 uma concentração, com 200 viaturas entre Lisboa e Porto.