Cotrim Figueiredo critica "falta de ambição da política portuguesa"
Presidênciais
9 de dez. de 2025, 13:04
— Lusa/AO Online
“Ficar parado na atual
circunstância é igual a andar para trás. E acho que falta ambição à
política portuguesa de uma forma geral”, considerou o candidato apoiado
pela Iniciativa Liberal (IL), em declarações aos jornalistas.João
Cotrim de Figueiredo falava na sede da Associação Agrícola da Ilha de
São Miguel, em Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, na ilha de
São Miguel, onde se reuniu com a direção da Federação Agrícola dos
Açores.Um dia depois de a revista
britânica The Economist ter considerado Portugal como a “economia do
ano” de 2025 entre os 36 países mais ricos do mundo, o candidato
presidencial defendeu que Portugal precisa de maior ambição e de uma
atitude mais aberta à mudança.“Não vou
dizer que não é agradável. Mas olho para além dos títulos. Fui ver
exatamente como era feito o ‘ranking’. Continuamos com 10 a 11 países à
nossa frente do ponto de vista de crescimento económico. Estamos de
facto a comparar-nos com um conjunto de países europeus todos eles em
relativa apatia. E as exceções são países que estão a recuperar de um
impacto da pandemia bastante mais profundo do que outros”, disse.Segundo
João Cotrim de Figueiredo, quando o país não se prepara para as
mudanças que acontecem na Europa e no mundo, não aproveita as
oportunidades que essas mudanças trazem.Para
o candidato, compete a um Presidente da República “ser a referência
otimista e confiante” e assumir o papel de voz mobilizadora para que o
país não caia “no marasmo de achar que ficar parado é algo que é
suficiente”.O candidato presidencial
apontou a área da saúde, lembrando que muitos dos problemas “são
consequência de questões que se discutem há cinco anos ou mais”, apesar
de o orçamento daquele setor ter sido “significativamente reforçado” no
mesmo período."Ao longo desses cinco anos,
reforçou-se significantemente o orçamento da Saúde e já devia ser hora
de concluir que não é uma questão de atirar mais dinheiro para cima do
problema", sustentou, afirmando que é essencial "um diagnóstico
rigoroso" e consensual, seguido de soluções que ataquem a “raiz dos
problemas”.Sobre a greve geral de dia 11,
Cotrim de Figueiredo reiterou que se trata de “um direito legítimo dos
trabalhadores”, mas alertou que também o direito ao trabalho deve ser
protegido.Está-se perante “um direito
legítimo que assiste aos trabalhadores”, mas o que “não tenho visto
suficientemente sublinhado é que há pessoas que vão deixar de trabalhar,
mesmo querendo trabalhar, porque não vão ter transportes à disposição e
não vão ter uma série de serviços à sua disposição”, frisou o antigo
líder da IL e eurodeputado."Portanto,
tanto o direito de greve é um direito legítimo, como o direito ao
trabalho também é um direito legítimo", vincou ainda João Cotrim de
Figueiredo, que iniciou hoje uma visita de dois dias à ilha de São
Miguel. Sustentou, por outro lado, que
caso seja eleito presidente da República, os Açores “ganham uma
compreensão grande daquilo que são os problemas das regiões
periféricas”, sublinhando que esta é uma preocupação que tem marcado a
sua função de eurodeputado."Aos poderes
públicos, na minha conceção de sociedade, cabe abrir o espaço, não
impedir, não limitar, não obstacularizar. Depois cabe a cada um dos
eleitores, neste caso concreto da Região Autónoma dos Açores, decidir o
que é que querem fazer com esse espaço que é dado”, disse. Incentivou
ainda os açorianos a acreditarem no futuro da região: “Há excelentes
exemplos de modernização que a região tem dado e que, com os apoios que,
obviamente necessita por causa da sua situação geográfica, possa fazer
muito mais pelo seu futuro do que aquilo que tem conseguido até agora",
considerou.O candidato presidencial defendeu ainda a eliminação do cargo de Ministro da República."Acho
que o Presidente da República, e serei esse Presidente da República,
está perfeitamente em condições de fazer o papel que o Ministro da
República representa. E, portanto, tudo o que sejam matérias de
promulgação e verificação e fiscalização da legislação regional, pode
ter exatamente o mesmo tratamento que tem a legislação nacional", disse.
Questionado sobre o jantar com
empresários na ilha Terceira, que estava previsto para ocorrer, mas
que foi cancelado o que motivou críticas da direção da Câmara de
Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH), o candidato
justificou a ausência com questões de agenda e com as condições do
estado do tempo, com implicações nas ligações aéreas."Os
Açores são uma região que prezo particularmente. Não consigo estar em
todo o lado. A agenda de campanha é o que é. Peço compreensão e envio um
abraço à Terceira. Os empresários não estão mais descontentes do que
eu, mas a agenda é o que é e o clima é o que é", referiu.