Costa vai reiterar a Zelensky "todo o apoio" de Portugal
9 de fev. de 2023, 10:26
— Lusa/AO Online
À
chegada à sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, para uma cimeira que
contará com a presença do chefe de Estado ucraniano, o primeiro-ministro
comentou que “o dia de hoje vai ser obviamente marcado pela
oportunidade de falar diretamente com o Presidente Zelensky”, e,
questionado sobre qual a mensagem que transmitirá, disse que será aquela
que Portugal tem sempre deixado desde o início da agressão militar
russa, há quase um ano: disponibilidade para apoiar nas mais diversas
formas a luta da Ucrânia em defesa do direito internacional.“Seria
uma tragédia para o mundo se o resultado desta guerra fosse uma vitória
daqueles que estão contra o direito internacional, que não respeitam o
direito internacional, o direito à integridade dos territórios, o
direito de soberania dos povos, o direito à autodeterminação de cada uma
das nações. É fundamental assegurar essa vitória. Isso é absolutamente
claro”, declarou o chefe de Governo. Segundo
António Costa, o encontro de hoje dos líderes dos 27 com Zelensky
constituirá uma oportunidade para fazer “o ponto da situação sobre a
situação militar” e de que forma o bloco comunitário pode “continuar a
apoiar a Ucrânia nesta luta vital contra um inimigo tão poderoso, numa
guerra brutal”.“Desde o princípio da
guerra que nós temos procurado apoiar, na medida das nossas
possibilidades e à medida que os diferentes pedidos vão surgindo.
Obviamente que o primeiro pedido, mais urgente, era o apoio humanitário,
em segundo lugar também apoio material, apoio também para aquecimento
neste inverno muito duro. E, relativamente ao apoio militar, temos dado
todo o apoio que nos tem sido solicitado e de que nós dispomos e que
temos possibilidades de disponibilizar”, disse.“Ainda
ontem [quarta-feira],tive a oportunidade de anunciar que temos todas as
condições para no próximo mês de março fazer a entrega de três tanques
Leopard que tinham sido solicitados no âmbito da coligação europeia que
esta a ser formada para disponibilizar um conjunto relevante de
equipamentos”, prosseguiu.O
primeiro-ministro disse que, por outro lado, interessa também ouvir de
Zelensky, “em concreto, qual o tipo de apoio que neste momento é mais
importante para a Ucrânia”. “Convém recordar que além do apoio
estritamente material, de que agora se fala muito em matéria militar, há
outros tipos de apoios na área de formação, em que temos estado
empenhados, o apoio técnico que temos estado a dar para a preparação do
processo de adesão à UE, e apoios indiretos que temos dado”, em matéria
de acolhimento de refugiados.“Nada melhor do que falar diretamente com o Presidente Zelensky para apurar as prioridades”, apontou.Costa
sublinhou que é importante discutir “também as perspetivas de como se
pode construir a paz”, reconhecendo que “o momento, os termos e as
condições para a paz só a Ucrânia pode definir”. “A
Ucrânia é o país agredido e, portanto, é a Ucrânia que tem o direito de
definir quais são as condições, o momento e os termos em que a paz é
negociada. Agora, a ambição de todos nós é que essa paz seja possível.
Esse tem de ser o objetivo”, disse, sublinhando por mais de uma vez que é
sempre preciso recordar que “quem desencadeou a guerra no passado dia
24 de fevereiro foi a Rússia”, pelo que “é a Rússia que tem de parar a
guerra, é a Rússia que tem de perder esta guerra, e é a partir daí que
se constrói a paz”.Comentando o ‘périplo’
que Zelensky está a fazer desde quarta-feira pela Europa, naquela que é a
segunda vez que sai da Ucrânia desde o início da ofensiva militar russa
– estivera em Washington em dezembro passado -, Costa considera que
este grande esforço diplomático que o Presidente ucraniano está a
desenvolver, deslocando-se a Bruxelas depois de já ter estado em Londres
e Paris, é também uma forma de sensibilizar todos os líderes para a
importância do momento no conflito, e “transmitir informações que de
outra forma não poderia fazer com total segurança”.“E
também ver com cada um de nós qual a melhor forma de podermos otimizar o
esforço no apoio à Ucrânia, para que a Ucrânia possa ganhar esta guerra
e afirmar a vitória do direito internacional”, disse, elogiando a
coragem e determinação que Zelensky tem demonstrado desde o início do
conflito.“É indiscutível que o Presidente
Zelensky é uma personalidade que nos impressiona a todos, pela sua
coragem e determinação. Se nós recuarmos um ano atrás, quando esta
guerra se iniciou, a perspetiva que muitos tinham é que esta guerra
terminaria muito rapidamente, com uma vitória inevitável e esmagadora da
Rússia. É extraordinária a capacidade de resistência, de mobilização,
desde logo do seu povo, também de toda a comunidade internacional, em
torno desta afirmação de defesa do direito internacional. E acho que é
alguém que superou todas as expectativas quanto à capacidade de
liderança e de afirmação”, declarou.Depois
de se dirigir ao Parlamento Europeu, Zelensky reúne-se ainda esta manhã
com o conjunto do Conselho Europeu, estando previsto a seguir um
período de duas horas para reuniões bilaterais em grupo com os chefes de
Estado e de Governo dos 27.