Costa sai “animado” por discussão “no bom sentido” para medidas na energia
UE/Cimeira
21 de out. de 2022, 17:04
— Lusa/AO Online
“Ao
fim de sete anos, o nível de expectativa que coloco em cada reunião do
Conselho Europeu é devidamente calibrado, [mas] saio animado deste
Conselho Europeu porque, tendo sido reafirmando que não há dinheiro
novo, vi também a possibilidade de dar nova utilização” a verbas já
existentes para eventuais apoios, no âmbito do pacote energético
REPowerEU ou no Mecanismo de Recuperação e Resiliência, afirmou António
Costa.Falando aos jornalistas portugueses
em Bruxelas, o primeiro-ministro salientou que este tipo de soluções
“foi admitida até por líderes que, normalmente, resistem bastante”.“Se
[essas verbas] podem ser mobilizadas só para investimento ou também
para mitigação do preço que as famílias e as empresas estão a pagar,
esse é um ponto para o qual não há consenso ainda”, ressalvou António
Costa.Na quinta-feira, primeiro dia do
Conselho Europeu, os chefes de Governo e de Estado da UE concordaram
trabalhar em medidas para conter os elevados preços da energia,
acentuados pela guerra da Ucrânia.“Não
tendo sido conclusivo”, o debate decorreu “no bom sentido” pelos
esforços para ir “ao encontro” das necessidades de todos os
Estados-membros, observou António Costa.Apontando
que “o debate mais difícil” se centrou precisamente neste tipo de
medidas para aliviar futuras, o chefe de Governo falou numa discussão
“que decorreu de forma corrida e até construtiva” para existir, na UE,
uma “resposta solidária e comum”.Cabe
agora à Comissão Europeia apresentar uma proposta com “todas as
hipóteses possíveis com ferramentas europeias e nacionais”, para avançar
com tais ajudas.A cimeira europeia
aconteceu numa altura de altos preços no setor da energia e quando se
teme, este inverno, cortes no fornecimento russo de gás à UE.Uma
das questões discutida neste Conselho Europeu, mas ainda sem qualquer
proposta apresentada, foi então a de como apoiar as empresas e as
famílias perante a atual crise energética, sendo que o primeiro-ministro
português já veio defender que a UE reutilize para esse efeito cerca de
200 mil milhões de euros de dívida comum já emitida, mas ainda não
gasta, cabendo uma fatia de 12 mil milhões de euros a Portugal.Após
várias horas de discussões entre os 27, os líderes europeus chegaram
esta madrugada a acordo para trabalhar sobre assuntos como limites
temporários aos preços de referência no gás e regras de solidariedade no
bloco comunitário para disponibilização de gás a todos os
Estados-membros em caso de emergência.No
primeiro, está em causa um mecanismo temporário de correção de mercado
para limitar a volatilidade, durante um só dia, dos preços, através de
um limite dinâmico de preços para transações na principal bolsa europeia
de gás.No segundo, Bruxelas quer
estabelecer regras de solidariedade na UE para disponibilização de gás a
todos os Estados-membros em caso de emergência, como por exemplo uma
rutura no abastecimento russo, assegurando que os países acedam às
reservas de outros.Mais favorável foi a
discussão sobre compras conjuntas de gás, contando com o apoio dos
chefes de Governo e de Estado europeus para a criação de instrumentos
legais para tais aquisições em conjunto, semelhante ao realizado para
vacinas anticovid-19, mas que só deverá avançar na primavera de 2023.O
executivo comunitário vai agora apresentar propostas concretas sobre
estas matérias e também para uma reforma estrutural no mercado da
eletricidade e uma revisão na regulação referente ao licenciamento das
energias renováveis.