Costa respeita decisões regionais sobre professores mas não fará o mesmo no continente
11 de jan. de 2019, 12:32
— Lusa/AO Online
“Respeito
a autonomia regional mas a autonomia regional não significa que a
República passe a ser governada pelos governos das regiões autónomas”,
declarou, após questionado pela deputada do PEV Heloísa Apolónia, no
debate quinzenal no parlamento.A
deputada instou António Costa sobre quando retomará as negociações com
os professores a propósito da contagem do tempo de serviço, após o veto
ao diploma do Governo, e “o que pensa” sobre a solução encontrada nas
regiões autónomas, onde “será contado integralmente”. “Ou considera que os professores do continente são professores de segunda?”, perguntou Heloísa Apolónia.Na
resposta, António Costa acrescentou ter ouvido dizer que “há juristas
ilustres como o dr. Marques Mendes [ex-líder do PSD e comentador
político] que consideram inconstitucional o que a Madeira e os Açores
fizeram”. “Não
vou entrar nessa discussão, isso é um tema para juristas, não vou
suscitar qualquer tipo de inconstitucionalidade, respeito a autonomia”,
disse.Quanto
às negociações com os sindicatos dos professores, António Costa disse
que o Governo irá negociar “com a mesma boa-fé” e “aguardando que da
parte dos sindicatos haja a abertura que existiu da parte do Governo”.O
diploma do Governo que prevê a recuperação parcial do tempo de serviço
dos professores foi vetado no final de dezembro. O Presidente da
República entendeu que a norma incluída pelos partidos no Orçamento do
Estado para 2019 obriga a que o diploma “seja objeto de processo
negocial”.O
Governo aprovou o decreto-lei em 20 de dezembro, estipulando a
recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias de tempo congelado aos
professores (em vez dos mais de nove anos exigidos por esta classe
profissional).No
seu espaço de comentário habitual, na SIC, aos domingos, Marques Mendes
tinha defendido, em dezembro, que a existência de três regimes
diferentes para a contagem do tempo de serviço dos professores pode ser
inconstitucional, considerando que resultaria em haver professores de
segunda e outros de primeira.