Costa recusa perigo de maioria absoluta PS mas não exclui novo entendimento à esquerda
Legislativas
9 de nov. de 2021, 11:57
— Lusa/AO Online
Estas
posições foram transmitidas por António Costa em entrevista à RTP, a
primeira desde o chumbo do Orçamento para 2022 que levou o Presidente da
República a dissolver o parlamento e a convocar eleições legislativas
antecipadas para 30 de janeiro de 2022.“Peço
o voto dos portugueses para uma solução estável para quatro anos de
Governo. Com ou sem maioria [absoluta], não deixarei de dialogar”,
declarou o líder do PS, numa entrevista conduzida pelo jornalista
António José Teixeira.Logo a seguir,
confrontado com um cenário em que o PS sai das próximas eleições
legislativas novamente com uma vitória com maioria relativa, António
Costa respondeu: “Procurarei um entendimento duradouro com os nossos
parceiros”, disse, numa alusão ao Bloco de Esquerda, PCP e PEV.Na
entrevista, António Costa recorreu ao período em que foi presidente da
Câmara de Lisboa, a partir de 2013 com maioria absoluta, para afastar os
perigos de uma maioria absoluta do PS a seguir às próximas eleições.“Acho
que ninguém tem medo da minha ação e da forma como governamos, ninguém
tem dúvidas de que o Presidente da República não deixará de estar
atento, que a comunicação social estará atenta e que o poder judicial é
livre e independente”, argumentou.Em
relação às próximas eleições legislativas, o líder socialista defendeu a
tese de que “a escolha fundamental dos portugueses é se querem
regressar a um Governo do PSD ou se querem dar continuidade a um Governo
do PS”.“E, dando continuidade a um
Governo do PS, em que condições querem que o Governo do PS governe:
Querem dar força a esse Governo para poder governar de forma estável, de
uma forma duradoura, ou não querem. É uma opção dos portugueses. Eu
estou de bem, eu ficarei de bem qualquer que seja a votação", completou.Interrogado
se, num cenário de maioria relativa do PS após as próximas eleições,
vai tentar novo entendimento com os partidos à esquerda dos socialistas,
António Costa não excluiu essa via. "Há
muitas formas de estar na vida: Há quem olhe para portas e veja
fechaduras; e há quem olhe para portas e olhe para a maçaneta que abre a
porta. Com a minha forma de estar - uns dizem que é por ser otimista -,
olho mais para a maçaneta do que propriamente para a fechadura”,
respondeu.O primeiro-ministro advertiu
depois que os políticos têm de ter a “humildade de perceber que quem
escolhe em eleições os resultados das eleições são os portugueses”.“Há
uma lição que todos temos a retirar destes anos: Bati-me por esta
solução, mas não escolho a orientação nem do PCP nem do BE. Se o PCP e o
BE optaram por ser partidos de protesto, tenho de respeitar. Custa-me
muito, devo dizer, porque acho que foi um desperdício de oportunidades”,
considerou.Neste ponto relativo ao PCP e BE, António Costa admitiu que a seguir às eleições de 30 de janeiro “novos tempos virão”.“Portanto,
eu não vou querer estar aqui a abrir a ferida, andar aqui a remoer no
tema. Há eleições, é um ciclo novo que se abre. Aquilo que eu digo aos
portugueses, com toda a clareza, é o seguinte: Peço que nos deem força
para podermos governar de forma estável durante os próximos quatro
anos", insistiu.Depois das eleições, de
acordo com António Costa, colocam-se pelos menos dois cenários após uma
eventual nova vitória dos socialistas: “ou o PS tem maioria para poder
governar sozinho; ou o PS é claramente reforçado, mesmo não tendo
maioria é claramente reforçado – e acho que isso inevitavelmente também
implica que os nossos parceiros à esquerda também reflitam, porque
fizeram asneira e as pessoas não compreenderam o que fizeram”.“Nesse
caso, poderão emendar a mão e trabalhar com o PS de boa fé, com
espírito construtivo, como fizemos na legislatura anterior. Eu não fecho
a porta a ninguém", reforçou o primeiro-ministro.Confrontado
com a tese de que a “Geringonça” que nasceu em novembro de 2015 está já
morta, António Costa concordou e comentou que o dirigente histórico
socialista Manuel Alegre já lhe “passou o atestado de óbito”.“Esta
fórmula, como tivemos desde 2016, até agora, essa indiscutivelmente
acabou, É uma questão de facto. O que é que virá a seguir? Vamos ver o
que os portugueses decidem que venha a seguir", argumentou.Já sobre um eventual entendimento do PS com o PSD a seguir às eleições, António Costa não respondeu diretamente à pergunta. "Primeiro,
é preciso deixá-los arrumarem-se a si próprios, e depois falamos sobre
os partidos à direita do PS. Neste momento, como é sabido, estão num
processo interno, a arrumar a sua própria casa. Não vou interferir nesse
processo. É um processo que lhes diz respeito", alegou.