Costa recusa comprometer-se com data para Portugal atingir os 2% do PIB para Defesa
NATO
29 de jun. de 2022, 09:25
— Lusa/AO Online
“Nós assumimos
compromissos que sabemos que podemos cumprir. (…) De uma forma séria,
não podemos objetivamente comprometer-nos com uma data [para atingir os
2% do PIB destinados à Defesa], atenta a situação de incerteza que a
economia global está a viver, com um enorme crescimento da inflação, com
uma pressão sobre as taxas de juros, e a grande determinação que temos
de uma forte redução da nossa dívida pública”, afirmou António Costa. O
primeiro-ministro falava à chegada ao Parque de Exposições de Madrid,
onde decorre a cimeira dos chefes de Estado e de Governo da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), tendo sido
questionado sobre quando é que Portugal poderá atingir a meta
estabelecida pelos Estados-membros da NATO na cimeira do País de Gales,
em 2014, quando se comprometeram a reservar 2% do PIB à Defesa.António
Costa afirmou que “Portugal, neste momento, vai cumprir para o ano o
objetivo que tinha assumido, por escrito, para 2024: atingir 1,66% do
Produto Interno Bruto (PIB)” destinado à Defesa. Segundo
o primeiro-ministro, quando Portugal assumiu, em 2018, o compromisso de
atingir os 1,66% em 2024, tinha ficado definido que poderia chegar aos
1,98% no mesmo ano caso fossem disponibilizados os “recursos
comunitários” que estavam previstos, designadamente “um programa
especificamente dedicado à Defesa” no âmbito do Quadro Financeiro
Plurianual.“Aqueles
que estavam previstos na altura, deixaram de existir. Sabemos que já
não existem, estão em discussão novos. Se vierem novos, as coisas
podem-se alterar. Não se alterando, nós podemos ter um compromisso
[para], relativamente ao longo da década, convergir para esse objetivo”,
frisou. Costa
avançou que “há novas discussões no quadro da União Europeia sobre a
possibilidade de haver recursos comunitários para alocar à Defesa”, mas
reiterou que, “neste quadro de incerteza quanto à distribuição dos
fundos comunitários”, Portugal tem “que ter um objetivo que seja
realístico ao longo da década”. “Nós
vamos ter uma revisão da Lei da Programação Militar, no final deste
ano, princípio do próximo ano, mas temos que ter um objetivo realista
tendo em conta a enorme incerteza económica que existe e o nosso firme
compromisso de redução da dívida pública, que é fundamental para a
proteção do futuro dos portugueses”, reforçou.O
primeiro-ministro salientou que Portugal está a investir, neste
momento, num “forte reforço das capacidades nos vários ramos”, elencando
medidas como “o programa de aquisição dos KC-390 na Força Aérea”, os
“programas dos navios de patrulha oceânica” no âmbito da Marinha e o
“programa Soldado do Futuro” no Exército.Costa
indicou ainda que, através das verbas do Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR), o Governo prevê o “investimento numa plataforma naval
multiúsos que também tem funções militares importantes”.“Sobretudo,
temos probabilidade de fazer uma coisa que é essencial, que é que cada
euro investido valha por três, o que significa que cada euro tem que
servir para apoiar o nosso sistema científico nacional, reforçar as
nossas indústrias de Defesa e também melhorar as capacidades, sejam as
tradicionais, sejam as que correspondem às novas ameaças, designadamente
as da cibersegurança”, frisou. Segundo estimativas divulgadas pela NATO na segunda-feira, entre 2014 e 2021 Portugal reservou 1,44% do PIB à Defesa.Em
setembro de 2014, poucos meses após a anexação da Crimeia pela Rússia,
os líderes da NATO, reunidos em cimeira no País de Gales,
comprometeram-se a investir 2% dos respetivos PIB em Defesa.Neste
âmbito, Portugal estabeleceu um plano de reforço do seu investimento
segundo o qual, em 2024, seria reservado 1,68% do PIB nacional à Defesa.
António Costa anunciou hoje que essa meta será atingida em 2023.