Costa quer rápidas decisões do Reino Unido para evitar saída descontrolada
Brexit
16 de jan. de 2019, 11:37
— Lusa/AO Online
António
Costa falava aos jornalistas num hotel em Lisboa, pouco depois de ser
conhecido que o parlamento britânico rejeitara o acordo de saída do
Reino Unido da União Europeia negociado pelo Governo de Theresa May com
Bruxelas, por 432 votos contra e apenas 202 a favor."Lamento
que não tenha sido possível aprovar o acordo que foi longamente
negociado entre a União Europeia e o Governo britânico, porque era um
bom acordo, já que correspondia às necessidades dos cidadãos britânicos
na União Europeia e dos cidadãos da União residentes no Reino Unido. O
acordo criava boas condições para uma transição para a saída do Reino
Unido, que a União Europeia não deseja, mas que respeita, permitindo
tempo para uma negociação calma e serena sobre a relação futura, que
todos desejamos que seja o mais próxima possível", declarou o
primeiro-ministro.Após
a rejeição do acordo negociado pela primeira-ministra, Theresa May, o
líder do executivo português disse esperar agora que o Reino Unido,
"rapidamente, informe a União Europeia do que pretende fazer nos
próximos passos, porque há algo essencial a evitar: Uma saída
descontrolada".De
acordo com o primeiro-ministro, a perspetiva de uma saída descontrolada
do Reino Unido "obriga todos os governos a adotarem planos de
contingência"."No
próximo Conselho de Ministros [na quinta-feira], iremos aprovar um
plano de contingência, tendo em vista garantir a todos os britânicos
residentes em Portugal paz, tranquilidade, segurança, que não serão
incomodados. Da mesma forma, estamos certos que o Reino Unido respeitará
os direitos dos portugueses residentes naquele país", disse.Também
segundo António Costa, é necessário preparar "a eventualidade de não
haver mesmo nenhum acordo até às 23:00 de 29 de março, o que implica
tomar medidas transitórias que assegurem que o funcionamento regular das
transações comerciais ou da movimentação aérea entre os países"."Temos
de ter esse plano de contingência preparado, mas o que desejamos é que o
Reino Unido possa informar a União Europeia sobre qual é o caminho que
pretende seguir. É fácil dizer não àquele acordo [negociado por Theresa
May com Bruxelas], mas a questão é saber qual é o outro acordo, porque
não há outro acordo com a União Europeia", advertiu.Neste
ponto, António Costa fez questão de frisar que a ideia de um novo
acordo não pode ser apenas "uma abstração" e referiu-se "à coligação
negativa" existente entre várias forças políticas no parlamento de
Londres."Tenho
que uns porque querem eleições, outros porque não gostam da senhora
May, outros porque não querem a saída do Reino Unido [da União
Europeia], outros que, pelo contrário, querem uma saída descontrolada,
outros, ainda, pelas razões mais diversas, dizem não àquele acordo. Mas à
União Europeia nunca foi apresentada uma alternativa", advogou o
primeiro-ministro.António
Costa referiu depois que as negociações com o executivo de Londres
prolongaram-se por dois anos e meio para obter um acordo que "satisfez
27 Estados-membros da União Europeia e o Governo britânico"."No parlamento britânico não houve uma maioria a favor do acordo, mas também não surgiu uma proposta alternativa", reforçou.Perante
os jornalistas, António Costa observou ainda que, na questão do
"Brexit", a atitude "tem sido sempre a de acreditar que o pior não
acontece"."Toda
a gente considera impensável haver uma saída descontrolada, porque
seria péssimo para todos os países da União Europeia, mas também para o
Reino Unido. A verdade é que esta rejeição resulta da congregação de
votos negativos pelas mais diversas motivações. Há uma verdadeira
coligação negativa, mas não há ninguém que diga qual o acordo que
deseja", apontou.Esta
situação, salientou António Costa, "é particularmente preocupante,
porque se está ainda na fase mais fácil da negociação, que é a do acordo
de saída do Reino Unido"."A
fase verdadeiramente difícil é a quem vem a seguir: Escolher qual o
modelo da próxima relação entre a União Europeia e o Reino Unido. É
fundamental que o Reino Unido compreenda que seria muito mau para todos
se houvesse uma rutura descontrolada no dia 29 de março. Tem de dizer à
União Europeia o que pretende fazer", acrescentou.