Costa quer Portugal a colaborar na investigação e separa empresas e acioinista
Luanda Leaks
22 de jan. de 2020, 18:42
— Lusa/AO Online
António
Costa falava aos jornalistas depois de ter estado presente na
inauguração de novas instalações e de novos laboratórios da
multinacional portuguesa Hovione, em Loures, depois de interrogado sobre
a matéria revelada pela investigação jornalística aos negócios da
empresária angolana Isabel dos Santos."Compete
a Portugal colaborar totalmente com as autoridades angolanas, tal como
temos vindo a fazer e como iremos fazer. Espero que este caso permita à
justiça angolana tratar aquilo que tem a tratar e às empresas
portuguesas continuarem a desenvolver a sua atividade dentro do maior
quadro de estabilidade possível", reagiu o primeiro-ministro.Interrogado
sobre a situação em que poderão ficar grandes empresas portuguesas em
que a empresária Isabel dos Santos detém participações relevantes,
António Costa procurou então traçar uma linha de demarcação entre a
questão da acionista e continuação da atividade dessas mesmas empresas."Não
conheço em pormenor os casos judiciais, mas a investigação tem sido
sobre uma acionista e não sobre as empresas. Portanto, as medidas que
sejam adotadas em relação à acionista não afetarão necessariamente as
empresas. As empresas têm uma distinção entre aquilo que são os seus
capitais, os seus recursos, e aquilo que é o capital e os recursos dos
seus acionistas", alegou.Perante os
jornalistas, o líder do executivo defendeu que, neste caso em concreto,
deseja que "Portugal cumpra a sua função de colaborar (como lhe compete)
com uma investigação que é desenvolvida pelas autoridades judiciárias
de um país amigo"."Simultaneamente, espero
que as empresas mantenham a sua atividade, até porque algumas delas são
essenciais para a economia nacional, designadamente a Efacec - uma
empresa industrial num setor de ponta de referência", disse.António
Costa, porém, não quis pronunciar-se sobre a dimensão inerente ao
Luanda Leaks, nem sobre os dados revelados por essa investigação,
alegando não fazer comentários nem sobre casos de justiça em Portugal,
nem em outro país.Questionado se houve uma
falha do sistema regulatório português, o primeiro-ministro contrapôs
para o efeito que "há um comunicado público do Banco de Portugal,
designadamente sinalizando que há cerca de quatro anos tomou uma decisão
sobre não reconhecimento de idoneidade a algumas das pessoas que têm
sido referidas" na investigação."Recordo
que, no se refere ao Governo, foi feita uma alteração legislativa - na
altura até muito criticada por alguns - para permitir assegurar a
desblindagem estatutária de um banco muito relevante em Portugal, onde
havia um conflito acionista. Assegurou-se, então, um quadro legal que
permitiu ultrapassar essa situação de conflito e não manter uma situação
de blindagem ", afirmou, aqui numa alusão ao BPI.