Costa quer mais 170 mil fogos apoiados e redução das despesas familiares com habitação
4 de out. de 2017, 14:49
— Lusa/AO online
Estes
objetivos foram transmitidos por António Costa na intervenção que abriu
o debate quinzenal na Assembleia da República - um discurso cuja
segunda parte foi dedicado ao tema da habitação.Referindo-se aos
principais objetivos dos diplomas hoje aprovados em Conselho de
Ministros, o líder do executivo disse que pretende num prazo de oito
anos aproximar Portugal das tendências europeias nesta área, alcançando,
principalmente, "duas metas: Reduzir a taxa de esforço das famílias com
as despesas de habitação de 35% para 27% e aumentar o peso da habitação
com apoio público na globalidade do parque habitacional de 2% para 5%, o
que representa um acréscimo de cerca de 170 mil fogos".Segundo o
primeiro-ministro, com os diplomas agora aprovados em Conselho de
Ministros, passa-se a estimular "uma oferta pública de habitação para os
mais carenciados". Para alcançar esta meta, na perspetiva do líder do executivo, será lançado um novo programa intitulado "o 1.º Direito"."A
resposta a esta dimensão inclui também a necessidade de alojamento
urgente em resultado de acontecimentos imprevisíveis ou excecionais,
tais como catástrofes ou fenómenos de migrações coletivas. E por isso
aprovámos já o Programa de Apoio ao Alojamento Urgente - Porta de
Entrada, que visa a concessão de apoio financeiro adequado e atempado
neste tipo de situações", referiu também António Costa.Ainda
segundo o primeiro-ministro, outra meta do executivo é promover a
reabilitação em detrimento da nova construção de habitações. "Foi
para isso aprovado o Projeto Reabilitar como Regra, que prevê a revisão
do enquadramento legal da construção de modo a adequá-lo às exigências e
especificidades da reabilitação de edifícios. Está ainda previsto o
aprofundamento e articulação entre os seis instrumentos existentes de
apoio ao investimento em reabilitação, em particular, para arrendamento
habitacional", afirmou.O primeiro-ministro falou depois de
medidas dirigidas ao setor da classe média, mais concretamente ao setor
de cidadãos (muitos deles jovens) que está a ser afastado do centro das
cidades e do seu local de trabalho."Desenvolveremos um Programa
de Arrendamento Acessível que assenta, simultaneamente, na promoção
pública de habitação e no incentivo a que os proprietários coloquem a
sua casa num mercado de arrendamento acessível. Também para este fim,
aprovámos hoje as regras de identificação, seleção e integração dos
imóveis do Estado devolutos ou disponíveis no Fundo Nacional de
Reabilitação do Edificado, que foi criado para promover a reabilitação
de imóveis para posterior arrendamento a custos acessíveis", especificou
o primeiro-ministro.Neste contexto, António Costa adiantou que
no início do próximo ano o Governo aprovará "um conjunto de incentivos
para que os proprietários coloquem as casas neste novo mercado a preços
acessíveis, por um período mínimo que garanta a estabilidade e segurança
de senhorios e inquilinos". "Em complemento serão criados
instrumentos de promoção da segurança no arrendamento, da transparência e
informação sobre o mercado e de captação de oferta", declarou,
acrescentando que as medidas já adotadas estarão em debate público nos
próximos 60 dias.No que respeita à atual situação da habitação em
Portugal, sobretudo nos principais centros urbanos, o primeiro-ministro
advogou que coexistem atualmente "problemas antigos de acesso à
habitação pelas famílias em situação carenciada (que a erradicação das
barracas não eliminou) com problemas novos que têm excluído das cidades
as classes médias e em especial as novas gerações, que foram sendo
condenadas ao adiamento da sua autonomia, ao endividamento ou ao
abandono do centro das cidades". "Não há balas de prata para este
desafio, que exige uma ação concertada e medidas abrangentes
direcionadas a diferentes segmentos da população e a desencontros
concretos entre a oferta e a procura", advertiu, em estilo de conclusão.