Costa quer “dinheiro novo já” da União Europeia e pede emissão conjunta de dívida
Covid-19
24 de mar. de 2020, 16:54
— Lusa/AO Online
Estas afirmações foram proferidas por António
Costa no debate quinzenal na Assembleia da República, em resposta a uma
questão formulada pelo secretário-geral adjunto do PS, José Luís
Carneiro, sobre a agenda da próxima reunião do Conselho Europeu na
quinta-feira.De acordo com António Costa,
perante a atual crise sanitária, tal como ao nível nacional, "também ao
nível europeu há dois momentos: O momento da emergência e, depois, o
momento do médio e longo prazo". Tal como
já havia afirmado na segunda-feira, em entrevista à TVI, no médio e
longo prazo, os Estados-membros da União Europeia precisam "seguramente
de um grande plano de investimento à escala europeia - um plano que seja
inteligente e que ajude à transição para a sociedade digital e responda
aos desafios ambientais, podendo-se chamar Marshall ou Von der Leyen"."Mas,
para além do médio e longo prazo, precisamos de uma resposta já. E essa
resposta já implica dinheiro novo para responder aos custos acrescidos
que os serviços nacionais de saúde estão a ter em toda a Europa, para
podermos aumentar o número de testes na população e para dotarmos os
sistemas de saúde com os equipamentos essenciais", salientou.Depois, deixou uma advertência: "É essencial para não se acrescentar à crise sanitária uma crise económica e social"."Os
apoios que estamos a dar às famílias e às empresas requerem uma
resposta comum. O problema não é português, espanhol, italiano ou
holandês. É um problema comum a toda a União Europeia e, por isso, temos
de ter uma resposta comum de toda a União Europeia", reforçou.Neste contexto, o líder do executivo saiu em defesa da via de a União Europeia adotar agora uma emissão conjunta de dívida."Para
além do aspeto financeiro, do ponto de vista político, para que a
Europa possa dizer que responde conjuntamente, era simbolicamente muito
importante poder haver uma emissão conjunta de dívida titulada por
‘eurobonds’ ou ‘coronabonds’, ou como lhe queiram chamar. Devia haver
essa resposta não só para apoiar as necessidades de financiamento, mas
também porque era uma mensagem política fortíssima que a Europa dava no
seu conjunto a todo o mundo: Perante um desafio comum respondemos em
comum", declarou, recebendo palmas da bancada socialista.Ainda
sobre a agenda do próximo Conselho Europeu, o primeiro-ministro fez
vários avisos: "Não nos podemos andar aqui a enganar uns aos outros". Segundo
António Costa, quando a União Europeia fala de um plano de 37 mil
milhões de euros, "hoje já se sabe que não se trata de mais 37 mil
milhões de euros, mas da possibilidade de reprogramarmos verbas afetas e
com projetos destinados no âmbito do Portugal 2020". "Significa deixar
de fazer o que está previsto fazer para acorrer a esta situação de
emergência", justificou.António Costa
elogiou também a medida da Comissão Europeia para introduzir nesta fase
uma flexibilidade na ajuda de situações de emergência."É
positiva, mas priva-nos de fazer o planeado. Sobretudo, priva-nos de
ter um músculo económico que a União Europeia tem de possuir para
efetivamente responder a esta crise", acrescentou.