Costa pressiona acordo na concertação social para valorização salarial
28 de jul. de 2021, 12:02
— Lusa/AO Online
António
Costa deixou esta mensagem no Picadeiro Real do Museu dos Coches, em
Lisboa, no final da cerimónia de assinatura do acordo tripartido
(Governo, UGT e confederações patronais) sobre formação profissional – o
primeiro desde que o antigo líder parlamentar socialista Francisco
Assis preside ao Conselho Económico e Social, e que só não envolveu a
CGTP-IN.“Este acordo não pode deixar de
ser visto em paralelo com três outros temas que estão em discussão na
concertação social”, sustentou o líder do executivo, apontando em
primeiro lugar o objetivo de conciliação da vida profissional com a vida
familiar.“Não é possível termos este
esforço de formação sem haver maior conciliação destas dimensões
diversas da vida”, justificou, antes de apontar como segundo desafio a
existência de uma “agenda de trabalho digno”.“É
fundamental o reforço da dignidade do trabalho e o combate à
precariedade laboral. Não há esforço e investimento que valham a pena em
formação se houver precariedade, porque é um desperdício de recursos”,
advogou, num discurso em que elogiou o papel da concertação ao nível do
diálogo social.Depois, na perspetiva de
António Costa, a concertação social deve chegar a um acordo “sobre a
valorização salarial, em particular das jovens gerações, sem o qual este
esforço de aposta na qualificação não será percebido por quem tem de o
fazer como valendo a pena para progredir na respetiva carreira”.“Não
há emprego para a vida, mas também tem de haver oportunidades ao longo
de toda a vida. E isso implica necessariamente uma aposta na valorização
dos rendimentos. Quero reafirmar a todos os parceiros da concertação
social que o Estado se considera parte no esforço coletivo que a
sociedade portuguesa tem de fazer para aumentar o rendimento disponível
das famílias”, frisou.O primeiro-ministro
defendeu em seguida que o seu Governo já tem feito esse esforço para o
aumento do rendimento disponível das famílias – “e está disponível para o
continuar a fazer e encontrar novas formas de o fazer”.“Nos
últimos anos, o Governo introduziu novidades importantes em matéria
fiscal, como o IRS jovem, onde, nos três primeiros anos de descontos,
houve uma redução significativa da coleta. Mas também o temos feito
através de um conjunto de políticas públicas que aumentam o rendimento
disponível das famílias através de transferências não monetárias, caso
mais exemplar do investimento dos passes nos transportes públicos”,
referiu ainda.Numa sessão em que o Governo
se fez representar pelos ministros do Trabalho, Ana Mendes Godinho, que
fez o primeiro discurso, mas também pelos titulares das pastas da
Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e da Agricultura, Maria do Céu
Antunes, além do secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, o
líder do executivo procurou também salientar o alcance estratégico deste
acordo sobre formação profissional e defender a importância do diálogo
social para a competitividade económica.“Tem
de haver uma grande articulação na organização das empresas, na
organização da vida dos trabalhadores, compatibilizando trabalho e
formação. Não é possível cumprir as metas de qualificação se isso não
assentar num profundo diálogo social ao nível da empresa, do setor de
atividade, da contratação coletiva e da concertação social”, assinalou.Na
sua intervenção, António Costa defendeu que este acordo de concertação
social surge “num momento importante” após “uma das crises económicas e
sociais mais duras” provocada pela covid-19, e transmitiu uma mensagem
de otimismo sobre a evolução da economia portuguesa.“A
crise provocada pela covid-19 deixou-nos numa absolutamente
inimaginável, mas também demonstrou a resiliência do nosso tecido
empresarial. Talvez o melhor indicador seja o emprego. Antes da crise da
covid-19, o desemprego era de 6,9% e estamos neste momento com 7,1%”,
indicou.De acordo com o primeiro-ministro,
“há outros sinais de confiança na economia portuguesa, designadamente o
facto de em 2020, com uma enorme quebra das exportações de serviços em
resultado da crise do turismo, Portugal tenha aumentado as suas
exportações de bens”.“Quer a agricultura,
quer a industrial, mantiveram elevados níveis de atividade. O setor da
construção teve mesmo um crescimento positivo. E o primeiro trimestre
deste ano estabeleceu um novo máximo de investimento empresarial com
quase seis mil milhões de euros”, completou.