Costa pede prolongamento do prazo para responder a perguntas do PSD sobre banca
27 de dez. de 2022, 11:42
— Lusa/AO Online
O ofício, com data de 23 de
dezembro (último dia do prazo regimental para esta resposta), foi
enviado do gabinete da ministra dos Assuntos Parlamentares para o do
presidente da Assembleia da República.“Encarrega-me
a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares de solicitar, conforme
informação proveniente do Gabinete do Senhor Primeiro-Ministro, a
prorrogação do prazo de resposta da Pergunta n.º 900/XV/1.ª, de 23 de
novembro de 2022, apresentada pelo Grupo Parlamentar do PSD”, refere o
documento.No mesmo texto, justifica-se o
pedido por “estar ainda em curso a recolha de informação para resposta à
mesma, que se reveste de alguma complexidade por reportar a
acontecimentos ocorridos há mais de 6 anos”.O
grupo parlamentar do PSD dirigiu, a 23 de novembro, 12 perguntas ao
primeiro-ministro para esclarecer declarações do ex-governador do Banco
de Portugal Carlos Costa, quer sobre a resolução do Banif, quer sobre o
afastamento da empresária Isabel dos Santos do BIC.O
Regimento da Assembleia da República precisa que “o Governo e a
Administração Pública devem responder com a urgência que a questão
justificar, não devendo a resposta exceder os 30 dias”.“Sempre
que o Governo ou a Administração Pública não possam responder no prazo
fixado, devem comunicar este facto por escrito ao Presidente da
Assembleia, apresentando a respetiva fundamentação também por escrito”,
acrescenta-se.Na sexta-feira, o presidente
do PSD, Luís Montenegro, instou Costa a responder às perguntas enviadas
pelo grupo parlamentar social-democrata e disse nem admitir que o
primeiro-ministro pudesse não o fazer.“Reitero
que hoje, quando faz 30 dias que nós enviámos 12 perguntas ao
primeiro-ministro para responder a todas as imputações, continuamos sem
resposta. Não precisa de mais tempo, já teve tempo mais do que
suficiente para cumprir os 30 dias regimentais”, afirmou, no final de
uma audiência em Belém, dizendo estranhar que “quem desvalorizou tanto
as imputações” de Carlos Costa precise de tanto tempo responder.Questionado
até quando está disponível a esperar antes de dar o passo seguinte –
que o PSD já admitiu poder ser uma comissão parlamentar de inquérito -,
Montenegro voltou a remeter qualquer decisão para o “conteúdo
substantivo” das respostas de António Costa.“Nem
me quer passar pela cabeça que ele não tenha a hombridade institucional
de cumprir o que é um dever que a lei e a Constituição lhe impõe. Não
me passa pela cabeça, seria um desvio completo ao normal funcionamento
institucional entre Governo e parlamento”, disse.Parte
das perguntas do PSD centram-se na alegada intromissão do Governo sobre
o Banco de Portugal, na sequência das acusações de Carlos Costa
reveladas no livro “O Governador”.Em
causa, segundo o ex-governador e numa versão contestada pelo
primeiro-ministro (que já anunciou um processo judicial a Carlos Costa
por afirmações “falsas e ofensivas”), está um telefonema de António
Costa em 12 de abril de 2016 em que o primeiro-ministro lhe teria dito
que “não se pode tratar mal a filha do presidente de um país amigo de
Portugal”, no que entendeu como um pedido para que o Banco de Portugal
não afastasse a empresária angolana Isabel dos Santos (filha do então
Presidente de Angola José Eduardo dos Santos) da administração do BIC.Já
sobre o Banif, o PSD quer respostas sobre “o intuito e objetivos” da
carta enviada pelo Governo ao Banco Central Europeu e Comissão Europeia
“à revelia do banco central e do Banif” e qual a relação da carta com
uma notícia, no dia anterior, da TVI que dava contra da resolução do
banco, “precipitando uma corrida aos depósitos e a própria resolução”.