Autor: Ana Matos Neves/Lusa/AO Online
“Todos os Estados-membros, por unanimidade, decidiram abrir estas negociações em 2022 e aprovar este processo e a negociação está a decorrer (…), mas não podemos perder tempo e, por isso, não precisamos de parar. Ninguém precisa de ficar bloqueado, podemos continuar a trabalhar”, declarou António Costa, em declarações à imprensa na cidade dinamarquesa de Arhus.
O líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) está na Dinamarca para o arranque oficial da presidência rotativa do Conselho ocupada pelo país neste semestre.
Nas mesmas declarações, António Costa destacou o comportamento de Kiev ao longo do processo: “Mesmo agora numa situação tão difícil, a Ucrânia está a cumprir o prometido e a fazer as reformas”.
“A avaliação da Comissão Europeia é muito clara: a Ucrânia está a sair-se muito bem e devemos prosseguir as negociações” no processo de adesão à UE, apontou.
Desvalorizando o persistente veto húngaro, António Costa referiu: “Convido a Comissão e convido a Ucrânia a prosseguir e a continuar. Não podem perder tempo porque temos de concluir o processo e, quando chegar o momento de tomar uma decisão, já fizemos o que era necessário para obter a aprovação”.
“Como sabem, um dos Estados-membros [a Hungria] considera que a sessão só poderá realizar-se quando alcançarmos uma paz justa e duradoura na Ucrânia – e, como é óbvio, todos nós estamos a lutar e a apoiar a Ucrânia para que se alcance uma paz justa e duradoura o mais rapidamente possível –, mas entretanto temos de fazer o que em qualquer caso fazemos, que é negociar, fazer as reformas, avaliar as reformas”, elencou.
A posição surge depois de, na semana passada, a Comissão Europeia ter proposto que a Ucrânia avance para o primeiro capítulo no processo de adesão à UE, que inclui critérios económicos e o funcionamento das instituições democráticas.
A ambição da Ucrânia é que, até ao final do ano, todas as discussões setoriais sejam concluídas e tal objetivo é também assumido pela presidência dinamarquesa do Conselho da UE, que tenciona pressionar a Hungria a levantar o seu veto ao processo.
Desde há vários meses que Budapeste bloqueia qualquer apoio a Kiev na UE por contestar o tratamento dado às minorias húngaras na Ucrânia. O país também não quer que o alargamento aconteça em situação de guerra.
Presente hoje em Arhus, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assegurou que o país tem vindo a “dar o seu melhor” no processo de adesão à UE.
“Da nossa parte, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance e precisamos do apoio de todos os outros líderes da União Europeia, dos países que são sensíveis a esta questão, mas de qualquer forma, no final das contas, conseguiremos resolver o problema”, afiançou.
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, adiantou aceitar o apelo de António Costa e destacou as “reformas complicadas, difíceis e complexas, enquanto [a Ucrânia] luta numa guerra pela sua sobrevivência”.
O alargamento da UE ocorre quando novos países aderem ao bloco comunitário.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a UE concedeu quase 160 mil milhões de euros a Kiev.
Kiev apresentou formalmente o pedido de adesão à UE em 28 de fevereiro de 2022, poucos dias depois do início da invasão russa. Tem estatuto de país candidato desde 23 de junho desse mesmo ano.
Em meados de dezembro de 2023, o Conselho Europeu decidiu abrir as negociações formais de adesão à UE com a Ucrânia.