Costa pede aos empresários para prepararem candidaturas e não acreditarem em “ficções”
PRR
26 de mai. de 2021, 11:24
— Lusa/AO Online
António Costa deixou este apelo na
sessão de inauguração da 55ª Capital do Móvel - exposição de mobiliário
de Paços de Ferreira que estará patente no Pavilhão Carlos Lopes, no
Parque Eduardo VII, em Lisboa."Estamos num
ponto de viragem, estão criadas as condições para os primeiros PRR
serem aprovados ainda na presidência portuguesa do Conselho da União
Europeia (até junho) e esperamos que entre eles esteja o de Portugal.
Isso significa que é altura de nos concentramos neste programa, de o
estudar e preparar as candidaturas, porque vamos ter muitíssimo pouco
tempo para executar o PRR", advertiu o líder do executivo.O
primeiro-ministro aproveitou para fazer uma crítica indireta aos
setores à direita do PS, que têm apontado um alegado excessivo peso da
administração pública na execução PRR."Sei
que têm ouvido dizer que é sobretudo a administração pública que terá
de executar o PRR, mas espero que não acreditem nisso. Não fiquem
parados", apelou, contrapondo, depois, que este programa tem mesmo um
conjunto de verbas "que não podem ser utilizadas pela administração
pública"."Ou são utilizadas pelas empresas
ou são perdidas. É mesmo tempo de nos deixarmos do debate da ficção e
concentramo-nos na realidade. E a realidade é que o PRR pode ser um
trampolim para um salto em frente", avisou António Costa. Na
sua intervenção, o líder do executivo referiu que as empresas do
mobiliário, assim como a generalidade da indústria, não parou a sua
laboração ao longo da pandemia da covid-19."A
indústria do mobiliário teve um desempenho extraordinário nos últimos
quatro anos, com um crescimento do emprego na ordem dos 17% e de 13% nas
exportações", apontou.Em relação ao PRR,
António Costa destacou a vertente da capitalização das empresas, com
1550 milhões de euros, sobretudo destinada a pequenas e médias, em que o
Banco de Fomento terá "um papel fundamental em termos de
operacionalização".Além da capitalização,
segundo o primeiro-ministro, haverá 650 milhões de euros para adaptação
das empresas à digitalização, através de programas com o objetivo de
estimular "a capacidade de inovação"."Mas
haverá 1500 milhões de euros para a formação, reconversão e
requalificação profissional", disse, já depois de o presidente da Câmara
de Paços de Ferreira, Humberto Brito, ter alertado para a circunstância
de muitos dos trabalhadores da indústria do mobiliário estarem na casa
dos 40 anos e terem pela frente, pelo menos, mais 20 anos de trabalho,
num setor em constante mutação tecnológica e com muita competição
internacional.O presidente da Câmara de
Paços de Ferreira, tal como também reconheceria logo a seguir António
Costa, pediu a instalação de um centro tecnológico, tendo em vista a
certificação dos produtos produzidos.Neste
ponto, o primeiro-ministro disse que o PRR "irá reforçar o programa
Interface com mais 200 milhões de euros para o desenvolvimento de
laboratórios e centros tecnológicos, visando reforçar a ligação entre a
atividade industrial, a produção de conhecimento e a certificação da
qualidade de cada um dos produtos"."Estamos num ponto de viragem", acentuou António Costa.No
primeiro discurso da sessão, o presidente da direção da Associação
Empresarial de Paços de Ferreira, Samuel Santiago, referiu que as
exportações deste setor ultrapassaram os dois mil milhões de euros em
2019 e que em 2020, ano de crise provocada pela pandemia da covid-19, a
generalidade das empresas manteve os postos de trabalho.No entanto, Samuel Santiago alertou para a conjuntura de subida de preços das matérias-primas nos mercados internacional."Isso
terá reflexos no preço de venda aios consumidores", acrescentou, num
discurso em que pediu atenção do Governo para essa situação.