Costa “muitíssimo orgulhoso” com a missão da Polícia Marítima no Mediterrâneo
17 de dez. de 2019, 17:04
— Pedro Morais Fonseca /Lusa/AO Online
O contingente
português hoje visitado por António Costa e pelo ministro da Defesa,
João Gomes Cravinho, está em Samos desde o início do mês no âmbito das
missões da Frontex (Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira)
e é composto por um chefe de equipa, oito agentes da Polícia Marítima e
um técnico de manutenção.Na Grécia, além
de Samos, Portugal tem na ilha grega de Lesbos outra equipa da Polícia
Marítima, esta constituída por um chefe de equipa, três agentes e um
técnico, apoiados pela embarcação "Arade".No
que respeita às características destas missões, cabe às forças
portuguesas a vigilância na fronteira marítima e efetuar patrulhas
terrestres nas áreas costeiras, apoiando Operações de Busca e Salvamento
(SAR) e procedendo a controlos de fronteira. Ainda no plano
operacional, as forças da Polícia Militar têm de identificar e mesmo
intercetar movimentos suspeitos, prevenir e detetar a migração irregular
e o crime transfronteiriço.Desde o início
do ano, as forças nacionais já estiveram evolvidas no resgate de cerca
de dois mil refugiados, um número superior ao registado em 2018. E
foi precisamente este aspeto que António Costa destacou em declarações à
agência Lusa, após ter percorrido na embarcação rápida "Tubarão" uma
faixa marítima no mar Egeu, em que as costas grega e turca estão
separadas por uma escassa milha. Alguns dos refugiados tentam mesmo a
sua sorte a nado. Mas a maioria aparece diante das forças da Polícia
Marítima em botes sobrelotados e na iminência de afundamento. "Aquilo
que assisti aqui em Samos excedeu em muito as minhas expectativas e
estou muitíssimo orgulhoso. Desde 2014, o trabalho da Polícia Marítima
só em salvamento de vidas já atinge as 6.940 pessoas", declarou António
Costa, tendo ao seu lado o ministro da Defesa e após receber elogios do
vice-primeiro-ministro grego, Panagiotis Pikrammenos, ao trabalho
desenvolvido pelos portugueses.Logo que
chegou a Samos, ao início da tarde de hoje, o primeiro-ministro assistiu
a um vídeo e a uma explicação da missão pelo comandante da Polícia
Marítima, o vice-almirante Sousa Pereira."O
trabalho que aqui fazem é também psicologicamente muito duro, porque há
um contacto direto com casos de grande sofrimento humano. Mas também há
um aspeto de gratificação por se poder resgatar essas vidas. É para nós
um motivo de orgulho podermos participar nesta missão da União Europeia
na defesa de uma fronteira externa, mas que é uma fronteira comum a
todos nós", acentuou o líder do executivo português.No
porto de Samos, António Costa deixou ainda uma mensagem de Natal
dirigida a todas as forças militares e de segurança portuguesas
destacadas pelo mundo, em missões das Nações Unidas, da NATO ou da União
Europeia.De acordo dados recentes
divulgados pelas autoridades gregas, a questão dos refugiados e das
migrações ilegais conserva-se "crítica", estando atualmente hospedados
em centros de acolhimento 35.344 migrantes.Na
Grécia, todos os centros de acolhimento já excederam a sua capacidade
máxima de acolhimento, sendo Lesbos o ponto com mais refugiados (17.057
migrantes), embora a ilha de Samos seja a que se encontra mais lotada. O
centro de acolhimento de Samos ablega 6.385 migrantes, mas a sua
capacidade de acomodação é para 938 pessoas.Neste
ponto, o primeiro-ministro considerou que é fundamental a União
Europeia "reorganizar todo o sistema de solidariedade e de partilha de
esforço".António Costa referiu que, desde
agosto de 2018, Portugal tem um acordo bilateral com a Grécia, mas que
tem registado "poucos resultados práticos por falta de mecanismos de
identificação dos perfis pessoais e dos mecanismos de recolocação em
Portugal"."Os mecanismos mais
institucionalizados de recolocação é um problema grande que a União
Europeia tem de resolver - um problema que já não é político, sendo
sobretudo de logística e de operacionalização das decisões já tomadas.
Creio que nenhum dos países da União Europeia deve ter esgotado as
quotas que assumiu para acolher refugiados no seu território, exceção
feita Estados-membros como a Alemanha e a Suécia, que estão para além
das suas quotas", apontou o primeiro-ministro.Para
António Costa, "permanece uma grande dificuldade em redistribuir pelos
países as pessoas que se vão concentrando" em campos na Grécia ou
Itália."É difícil compreender estas dificuldades operacionais da União Europeia ao nível da redistribuição das pessoas", acrescentou.