Costa homenageia quinta-feira VII Governo Constitucional de Pinto Balsemão 40 anos depois
31 de ago. de 2021, 17:20
— Lusa/AO Online
Fonte
do executivo adiantou à agência Lusa que a sessão seguirá o mesmo
modelo da cerimónia também promovida por António Costa em julho de 2016
para homenagear os 40 anos do I Governo Constitucional, este liderado
pelo antigo Presidente da República e fundador do PS, Mário Soares, que
faleceu em janeiro de 2017.O
VII Governo Constitucional – o primeiro de dois liderados por Pinto
Balsemão - tomou posse a 9 de janeiro de 1981, após a morte do líder do
PSD e primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, tendo terminado o seu
mandato em 4 de setembro do mesmo ano.Francisco
Pinto Balsemão liderou depois o VIII Governo Constitucional, que durou
até 09 de junho de 1983 – executivo que incluiu no cargo de
vice-primeiro-ministro o então líder do CDS, Freitas do Amaral, que não
fez parte do anterior, o VII, por opção pessoal; e em que o atual
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, desempenhou as funções
de ministro dos Assuntos Parlamentares.A
sessão de homenagem ao primeiro executivo liderado por Francisco Pinto
Balsemão abre com um discurso de Mota Amaral, fundador do PSD, antigo
presidente do Governo Regional dos Açores (1976/1996) e da Assembleia da
República (2002/2005). Seguem-se intervenções de Pinto Balsemão e do
atual primeiro-ministro.Para
a cerimónia de quinta-feira, estão convidados titulares de órgãos de
soberania, com particular destaque para o chefe de Estado, Marcelo
Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República, Ferro
Rodrigues, assim como membros do Conselho de Estado e líderes
partidários, salientando-se aqui Rui Rio, que foi apoiado por Pinto
Balsemão nas suas candidaturas à presidência do PSD.Em
São Bento, estarão ainda amigos e colaboradores diretos do antigo
primeiro-ministro e fundador do PPD, em 1974, não apenas na esfera
política, como também ao nível empresarial.Durante
os dois governos da AD de Pinto Balsemão, o PS, então liderado por
Mário Soares, assumiu-se sempre como oposição, mas os socialistas
entenderam-se com estes dois executivos nas duas principais questões de
fundo à época: As negociações para a adesão de Portugal à Comunidade
Económica Europeia (CEE) e – mais marcante ainda – a revisão
constitucional de 1982, que alterou de forma profunda o sistema político
nascido com a Constituição de 1976.Neste
primeiro processo de revisão constitucional da História da democracia
portuguesa, a AD (PSD/CDS/PPM) e PS entenderam-se para diminuir alguma
carga ideológica no texto da Lei Fundamental, para flexibilizar o
sistema económico e, sobretudo, para redefinir as estruturas do
exercício do poder político, sendo então extinto o Conselho da Revolução
e criado o Tribunal Constitucional e o Conselho de Estado (órgão de
aconselhamento do Presidente da República).Com
o acordo de revisão constitucional Pinto Balsemão/Mário Soares, entre
outras mudanças, o chefe de Estado (que era então Ramalho Eanes) deixou
de poder demitir o Governo sem causa institucional de gravidade extrema e
a Presidência da República passou a ter as características de um poder
moderador no regime político.Além
do fim da missão do Conselho da Revolução como órgão militar de tutela
do poder político, na Constituição passou a estabelecer-se que “o
Presidente da República só pode demitir o Governo quando tal se torne
necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições
democráticas, ouvido o Conselho de Estado”.Com
a limitação dos poderes discricionários do Presidente da República, na
sequência desta revisão constitucional, o parlamento ganhou centralidade
no sistema político.A
revisão constitucional de 1982 afirmou ainda o princípio da existência
de uma economia mista em Portugal, ainda que, para desagrado do PSD e
CDS, se tenha mantido a “irreversibilidade” do controlo estatal das
empresas nacionalizadas na sequência do 11 de março de 1975 – um
princípio que só caiu com a revisão de 1989.No
plano político, Francisco Pinto Balsemão demitiu-se das funções de
primeiro-ministro em dezembro de 1982, na sequência dos resultados das
eleições autárquicas desse ano.Nas
eleições legislativas antecipadas de abril de 1983, o PS venceu com
cerca de 37% dos votos e Mário Soares formou com o PSD de Carlos Alberto
Mota Pinto o Governo do “Bloco Central”, que durou até outubro de 1985.