Costa diz-se otimista e espera que líderes europeus "não frustrem” Ucrânia
UE/Cimeira
14 de dez. de 2023, 11:12
— Lusa/AO Online
“O meu otimismo levou-me a trazer
roupa para quatro dias e, portanto, espero sair daqui com duas decisões
positivas e que não me faltem camisas”, disse o chefe de Governo,
falando à entrada da cimeira europeia, em Bruxelas.“Espero
que este Conselho Europeu permita, em primeiro lugar, ter uma posição
política forte, que não frustre aquilo que foram as expectativas que a
União Europeia [UE] foi criando, ao longo deste último ano, sobre as
perspetivas europeias da Ucrânia”, vincou António Costa.O
primeiro-ministro demissionário considerou que “vai ser um Conselho
seguramente longo, difícil, com muitas questões contraditórias em cima
da mesa”, nomeadamente a oposição húngara ao avanço nas negociações com
Kiev para aderir ao bloco político-económico europeu.“Recordar-se-ão
que, desde o princípio, eu chamei a atenção que não devíamos criar um
excesso de expectativas que resultassem numa frustração. As expectativas
foram criadas, portanto não podemos consentir qualquer frustração”,
afirmou.A Ucrânia, que está há
praticamente dois anos a tentar repelir uma invasão da Federação Russa,
precisa de previsibilidade, não só no caminho europeu, mas também no
apoio económico-financeiro e militar para que não caiam por terra as
conquistas feitas até hoje no campo de batalha, defendeu António Costa.Os
líderes europeus iniciam hoje em Bruxelas uma cimeira para discutir o
apoio financeiro de 50 mil milhões de euros à Ucrânia e a abertura de
negociações formais sobre a adesão ucraniana, encontro marcado pela
ameaça de veto húngaro.Apesar de poderem
ser equacionados alguns ‘planos B’ relativamente aos assuntos em cima da
mesa – como o reforço do programa macrofinanceiro em vez da reserva
financeira ou o adiamento para início do ano da decisão sobre a abertura
de negociações formais sobre a adesão da Ucrânia à UE, dado o prazo de
março estipulado pela Comissão Europeia –, várias fontes europeias
ouvidas pela agência Lusa foram unânimes em insistir que este “Conselho
Europeu começa com um espírito de avançar com o ‘plano A’”.Encarada
como decisiva, esta reunião dos chefes de Estado e de Governo dos 27 da
UE vai decorrer pelo menos até sexta-feira, podendo estender-se, devido
às posições assumidas pela Hungria e após vários meses de contestação
de Budapeste à suspensão de fundos europeus pela violação do Estado de
direito, que deram origem a dois bloqueios em recentes cimeiras
europeias em conclusões relativas às migrações.Nas
últimas semanas, as ameaças da Hungria subiram de tom em cartas
enviadas pelo primeiro-ministro, Viktor Orbán, ao presidente do Conselho
Europeu, Charles Michel, exigindo uma “discussão estratégica” sobre a
Ucrânia, pedido que tem por base o ceticismo sobre as minorias húngaras
em território ucraniano e a corrupção existente no país, mas sobretudo
uma questão não relacionada com Kiev, que se prende precisamente com as
verbas comunitárias que foram suspensas a Budapeste.Entretanto,
na quarta-feira, a Comissão Europeia anunciou ter desbloqueado uma
verba de 10,2 mil milhões de euros que tinha vedado à Hungria por
desrespeito do Estado de direito, após melhorias no sistema judicial,
embora mantendo 21 mil milhões suspensos.