Costa diz que só em outubro de 2026 é que decidirá o que fará quando terminar funções
30 de dez. de 2022, 12:30
— Lusa/AO Online
Em
entrevista a Francisco Pinto Balsemão, no "podcast" Deixar o Mundo
Melhor, realizada no passado dia 21, António Costa garantiu que nunca
exerceu “nenhum cargo político até hoje a pensar qual era o cargo
político que ia exercer a seguir".“Sei os
que não quero. Agora, não vou nunca estar a distrair-me das funções que
tenho ou a condicionar as funções que tenho ao que é que vou fazer a
seguir. Em outubro de 2026 verei o que irei fazer a seguir”, assegurou,
na entrevista, publicada pelo semanário Expresso.Entre
os cargos que disse não querer, António Costa referiu o de Presidente
da República, reiterando que nunca será, “em circunstância alguma”,
candidato a chefe de Estado. “Acho que
quem gosta de ser primeiro-ministro, quem tem uma vocação executiva, se
for para a Presidência da República só arranjará complicações e
dificuldades a quem está a exercer funções”, considerou. Sobre
um eventual cargo europeu, Costa referiu que, “por inerência, o
primeiro-ministro é membro do Conselho Europeu” e considerou que a sua
participação naquela instituição europeia “tem ajudado a Europa” e “tem
sido boa também para Portugal”. “Estou muito satisfeito e muito realizado com essa função”, disse. Costa
elogiou os antigos primeiros-ministros António Guterres e Durão Barroso
por, durante os seus mandatos, terem percebido que, “se Portugal quer
ter um peso efetivo na Europa, não se pode limitar à dimensão geográfica
e populacional e, portanto, tem de integrar-se no conjunto dos debates
europeus e não aparecer em Bruxelas só para tratar dos seus próprios
problemas”.Questionado especificamente
sobre Durão Barroso - que, em 2004, apresentou a demissão do cargo de
primeiro-ministro para se tornar presidente da Comissão Europeia -,
Costa sublinhou que, apesar de nem ter “sempre concordado com a
política” executada por Barroso enquanto líder do executivo comunitário,
“foi bom para Portugal, indiscutivelmente”, que tenha exercido aquele
cargo. Interrogado depois se “não gostava”
de ir para o lugar do atual presidente do Conselho Europeu, Charles
Michel, Costa respondeu: “Uma das boas condições para se exercer bem a
função que se está a exercer é não andar a pensar no que queremos fazer a
seguir”. Apesar de salientar que só
depois de 2026 é que irá decidir o que vai fazer quando deixar de ser
primeiro-ministro, Costa reconheceu que, antes dessa data, tem de
decidir se se mantém “na liderança do PS ou não”.“O
PS tem um congresso em 2023, tem outro em 2025, temos muito tempo pela
frente. Para já, há uma coisa que tenho de fazer, que é cumprir o
programa de Governo para que os portugueses me mandataram”, sublinhou,
acrescentando que exerce com "muita satisfação" a função de
primeiro-ministro.Nesta entrevista, que
decorreu antes do caso Alexandra Reis ter sido divulgado, levando à
demissão do ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno
Santos, Costa qualificou o PS como um partido “bastante vivo e que se
anima”. O chefe do executivo comparou a
situação que se vive atualmente no partido com a que se viveu nos anos
1980, “em que o PS dispôs de quadros extraordinários, como o Jorge
Sampaio, o António Guterres, o Vítor Constâncio, o Jaime Gama, e em que
levaram muito tempo todos a ajustarem-se entre si”. “Vivemos
anos muito duros, de muita conflitualidade interna. (…) As gerações
seguintes aprenderam que a vida interna do PS deve ser vivida com
maturidade, o que não quer dizer que pensemos todos o mesmo e que não
haja divergências. Agora, aprendemos foi a resolver entre nós as
divergências”, disse.Sobre a relação com
os partidos da oposição, Costa considerou que o seu Governo tem tido
“muito boa relação” com o líder do PSD, Luís Montenegro.“Conseguimos
um acordo muito importante para o futuro do país, que é termo-nos
entendido sobre um primeiro passo fundamental, que é a metodologia para
tomarmos uma decisão sobre onde vai ser o futuro aeroporto da região de
Lisboa”, disse.