Costa desvaloriza caso do procurador europeu e Charles Michel diz confiar em Portugal
UE/Presidência
5 de jan. de 2021, 18:31
— Lusa/AO Online
Estas posições foram
transmitidas em conferência de imprensa conjunta do primeiro-ministro
português, António Costa, e do presidente do Conselho Europeu, Charles
Michel, após uma reunião de cerca de duas horas entre ambos no Centro
Cultural de Belém.Questionado sobre as
consequências do caso de o Governo português ter enviado em 2019 para a
União Europeia dados incorretos sobre o currículo profissional de José
Guerra, depois nomeado procurador europeu, António Costa desvalorizou."Não
foi um tema abordado nesta reunião e creio que não tem qualquer
relevância para a presidência portuguesa, nem para a forma como a
presidência portuguesa vai decorrer", respondeu.Perante
esta pergunta, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel,
afirmou: "A questão do procurador não foi abordada, mas posso
garantir-vos que temos total confiança em Portugal para levar a bom cabo
a presidência". "Esse assunto não foi evocado", acentuou Charles Michel.Na
segunda-feira à noite, através de um comunicado, o primeiro-ministro
manifestou "total confiança política" na ministra da Justiça, Francisca
Van Dunem, e defendeu que os "lapsos" no currículo do procurador europeu
José Guerra tiveram origem numa nota da Direção Geral de Política de
Justiça.Nos últimos dias, Francisca Van
Dunem tem estado no centro de uma polémica após vários órgãos de
comunicação Social terem noticiado que, numa carta enviada para a União
Europeia (UE), em 2019, o executivo português apresentou dados falsos
sobre o magistrado preferido do Governo para procurador europeu, José
Guerra - após indicação do Conselho Superior do Ministério Público -,
depois de um comité de peritos ter considerado Ana Carla Almeida a
melhor candidata para o cargo.Quanto a
estes erros que constaram no currículo profissional de José Guerra e que
foram incluídos na nota enviada para a União Europeia, o
primeiro-ministro manteve a tese de que se trataram de "dois lapsos sem
relevância para o processo de seleção". "Além
do mais, o curriculum vitae do candidato proposto, que consta do
processo submetido ao Conselho da União Europeia, não contém qualquer
incorreção. De qualquer modo, hoje mesmo, a ministra da Justiça
solicitou ao Embaixador de Portugal junto da União Europeia a correção
formal daqueles lapsos, o que foi feito", observou depois António Costa.Mais,
de acordo com António Costa, apurou-se "que os lapsos tiveram origem
numa nota produzida na Direção Geral de Política de Justiça e comunicada
à REPER (Representação Permanente de Portugal) e com mero conhecimento
para arquivo ao gabinete da ministra da Justiça"."A
ministra da Justiça [Francisca Van Dunem] aceitou hoje a demissão do
Diretor Geral da Política da Justiça", Miguel Romão", acrescentou o
primeiro-ministro.Na sequência deste caso,
Francisca Van Dunem comunicou já a sua inteira disposição para se
deslocar ao parlamento o mais rapidamente possível, sobretudo após o
pedido do PSD de que pretende esclarecer notícias que referem que o
Governo terá dado informações falsas para justificar a escolha de José
Guerra como procurador europeu.Na carta
que está a gerar esta polémica, José Guerra é identificado como sendo
"procurador-geral-adjunto", categoria que não tem, sendo apenas
Procurador da República. Por outro lado, é referido como tendo
participado "na liderança investigatória e acusatória" no processo UGT, o
que também não é verdade, porque foi o magistrado escolhido pelo MP
para fazer o julgamento e não a acusação.Na
segunda-feira, a ministra da Justiça enviou ao representante português
junto da União Europeia uma correção desses erros que constam do
currículo do Procurador Europeu José Guerra.