Costa destaca acordo na UE para redirecionar fundos para promover competitividade
10 de fev. de 2023, 07:19
— Lusa/AO Online
Esta
madrugada, no final de uma cimeira de chefes de Estado e de Governo em
Bruxelas, marcada pela participação do Presidente ucraniano, Volodymyr
Zelensky, e que se prolongou por cerca de 16 horas, António Costa
apontou que, além da Ucrânia, o outro tema a dominar a longa reunião foi
uma discussão sobre “a competitividade da economia europeia e das
empresas, perante a subida muito significativa dos preços,
designadamente da energia, e também as medidas adotadas pelos Estados
Unidos para responder à crise inflacionária”. O
primeiro-ministro explicou que “houve duas linhas de trabalho que foram
definidas pelo Conselho”: a agilização de ajudas de Estado e a
flexibilização de fundos comunitários, considerando Portugal que esta
segunda é uma boa solução enquanto não é instituído um novo fundo
soberano. Lembrando que a Comissão
Europeia está mandatada para apresentar a meio do ano a proposta de um
fundo soberano, Costa apontou que aquilo que foi aprovado agora foi uma
ideia que Portugal já tinha defendido, no sentido de que, “enquanto se
discute e não se discute a criação de um novo fundo, que como já se sabe
é um tema que raramente é pacífico na sala”, os Estados-membros possam
utilizar meios financeiros já existentes.Nesse
sentido, os 27 acordaram que se possa recorrer a “um fundo que existe,
que é o «REPowerEU»”, o plano adotado pela UE para reduzir rapidamente a
dependência dos combustíveis fósseis russos, bem como a “recursos que
também já existem, desde logo as verbas não utilizadas dos empréstimos
dos Planos de Recuperação e Resiliência” (PRR), além da flexibilização
no “acesso a outro tipo de fundos, designadamente fundos estruturais”.Segundo
o primeiro-ministro, tal é positivo, pois assim não é preciso “estar à
espera que exista o fundo soberano para fazer o que é necessário fazer,
mas também sem retirar de cima da mesa um fundo que é necessário”, e
lembrou, a propósito, que a própria presidente da Comissão admitiu
recentemente que “não há uma política industrial comum que não seja
financiada por fundos comuns”. “Mas, como
sabemos, esse é sempre um percurso que leva tempo e, portanto, temos de
ter medidas que, entretanto, preencham o tempo”, disse.Quanto
à outra linha de trabalho, a de agilização das ajudas de Estado, o
chefe de Governo disse que “há duas medidas previstas na comunicação da
Comissão, que foram aliás propostas por Portugal, que são importantes”
no sentido de garantir que essas ajudas tenham em conta a diferente
capacidade orçamental de cada Estado-membro. A
mais importante, defendeu, “é a garantia de que uma empresa que receba
apoio de um Estado-membro tem de garantir que mantém a capacidade
produtiva que tem instalada em todos os outros Estados-membros da
União”. ´Outra garantia importante,
prosseguiu Costa, “é que as ajudas de Estado podem ser majoradas se
resultarem de um consórcio de Estados, em particular Estados com regiões
de coesão, tendo em vista que possam fazer em conjunto aquilo que
Estados com maior capacidade orçamental podem fazer sozinhos”.A
discussão teve como base o “plano industrial do pacto ecológico
europeu”, a nova estratégia industrial proposta por Bruxelas para
melhorar a competitividade da UE no palco global e apoiar a transição
para a neutralidade climática, e entendida como a resposta do bloco
comunitário aos planos de subvenções de grandes potências económicas,
designadamente a lei de combate à inflação (IRA) dos Estados Unidos.