Costa defende ação climática com transição inclusiva sem "deixar ninguém para trás"
23 de set. de 2022, 08:33
— Lusa/AO Online
António
Costa falava no debate geral entre chefes de Estado e de Governo da
77.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU),
encontro marcado pela invasão russa da Ucrânia e as suas consequências
globais.Numa intervenção em português, o
primeiro-ministro sustentou que "é inegável" a existência de "um nexo
entre o clima e a segurança"."Sentimos
hoje, como nunca, os efeitos das alterações climáticas: vagas de calor
ou de frio intenso, secas, incêndios, inundações e tempestades. Países
como Portugal, que sofrem com a erosão costeira, o aumento das secas e
com o drama dos incêndios florestais, percebem claramente a urgência da
ação climática", disse.O primeiro-ministro
assinalou a situação no Paquistão "que está hoje a sofrer as
consequências verdadeiramente devastadoras da inação climática do resto
do mundo", e o impacto das alterações climáticas nos "países costeiros,
em particular os pequenos países insulares, que sentem, ano após ano, a
sua subsistência ameaçada pela subida das águas do mar".Depois,
manifestou a expectativa de que a Conferência das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas, em novembro deste ano, em Sharm el-Sheikh, no
Egito, conduza "a uma transição inclusiva, assegurando uma repartição
mais equilibrada do financiamento climático entre a mitigação e a
adaptação"."A transição para um futuro de
prosperidade, um futuro verde e digital, não pode deixar ninguém para
trás. As políticas sociais têm de estar no centro da nossa ação, do
desenvolvimento das nossas economias, do combate às alterações
climáticas", defendeu.Neste discurso, de
16 minutos, o primeiro-ministro defendeu, por outro lado, que "nenhum
futuro será verdadeiramente transformador sem sociedades pluralistas,
inclusivas, que promovam a igualdade de género e combatam a
discriminação racial, o racismo, a xenofobia e todas as formas de
intolerância"."O combate pela igualdade de
género e pelo empoderamento das mulheres é, neste âmbito, absolutamente
crucial. Sem o vencer, não é possível cumprir as nossas obrigações de
direitos humanos nem a implementação bem-sucedida da Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável", considerou.O
primeiro-ministro manifestou apoio à preparação de uma Cimeira Social
proposta pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, à "vacinação
eficaz e equitativa em todo o mundo", reafirmou que Portugal é a favor
de "um verdadeiro tratado sobre pandemias" e pela abolição universal da
pena de morte.António Costa falou também
sobre o acolhimento de migrantes e refugiados e afirmou que "Portugal
continuará a participar construtivamente nas discussões sobre a
governação das migrações" e prosseguirá políticas de integração e de
"promoção de vias regulares de mobilidade laboral"."Temos
desempenhado um papel ativo no acolhimento de migrantes e refugiados,
numa expressão inequívoca de solidariedade, acolhendo refugiados da
Ucrânia e do Afeganistão", salientou.Em
matéria de descarbonização, o primeiro-ministro referiu que "Portugal
tem estado na linha da frente", foi "o primeiro a assumir o compromisso
de alcançar a neutralidade carbónica até 2050", em 2016, e quer
"acelerar estes compromissos".Costa
destacou a Conferência dos Oceanos, que Portugal organizou em conjunto
com o Quénia, realizada em Lisboa em junho, e apontou a sua declaração
final como "um verdadeiro plano de ação" para a conservação e o uso
sustentável dos recursos marinhos, um dos objetivos de desenvolvimento
sustentável das Nações Unidas.