Costa considera que horário de voto para isolados é “recomendação” equilibrada
Legislativas
19 de jan. de 2022, 17:15
— Lusa/AO Online
“Não
podemos sequer impor um horário onde as pessoas isoladas podem votar e
um horário onde as pessoas isoladas não podem ir votar. O horário está
fixado na lei, a lei não pode ser alterada, é uma lei da Assembleia da
República e, portanto, todos os cidadãos têm o direito a votar à hora
que entenderem. O que é que o Governo pode fazer? É recomendar”, afirmou
António Costa. O secretário-geral
socialista falava aos jornalistas em Beja, depois de ter visitado a
empresa agrícola de hidroponia Pax Berry, tendo reagido ao anúncio do
Governo de que as pessoas que se encontrem em isolamento devido à Covid-19 no dia 30 de janeiro poderão sair de casa para votar nas
eleições legislativas, recomendando que se desloquem às urnas entre as
18h00 e as 19h00.O também
primeiro-ministro considerou que a solução encontrada é “equilibrada”,
explicando que o parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) indica
que “há uma hierarquia de direitos e o direito de voto é um direito
fundamental que, em circunstância alguma, ninguém pode ser privado”. “E,
portanto, é necessário garantir a todos que possam exercer esse
direito. Como é que o devemos fazer de forma a que o exercício do
direito de voto se faça em segurança para todos? É procurando que uns
votem mais cedo, outros votem mais tarde”, frisou. António
Costa afirmou que "todas as pessoas têm o direito a votar, e a
obrigação de isolamento não prejudica o direito a votar". "Isso
significa que o Conselho de Ministros vai proceder à alteração da
resolução na próxima quinta-feira, abrindo mais uma exceção para as
pessoas que estão isoladas poderem sair para poderem exercer livremente o
seu direito de voto", anunciou o também primeiro-ministro. Costa
recorreu a uma expressão veiculada pela ministra da Administração
Interna, Francisca Van Dunem, para afirmar que está em causa um "pacto
social" no dia das eleições. “Quem não
está isolado procura votar antes das 18h00, quem está isolado procura
votar depois das 18h00, e assim garantimos que todos têm direito ao voto
e podem votar em segurança, porque é tão importante garantir o direito
de voto de quem está isolado como garantir que todos os outros que não
estão isolados não deixam de exercer o seu direito de voto porque têm
receio de serem contaminados”, disse. Questionado
pelos jornalistas se o horário para a votação em isolamento também se
aplica para os cidadãos que irão votar antecipadamente no dia 23,
António Costa afirmou que, com a nova norma da Direção Geral de Saúde,
essa “questão não se põe”, porque, o “período de isolamento é mais
curto” e “quem entrar em isolamento no dia 23 já não estará em
isolamento no dia 30 e, portanto, poderá ir votar no dia 30”. Interrogado
ainda se o Governo está a ponderar criar corredores sanitários durante a
hora recomendada para os cidadãos em isolamento se deslocarem às urnas,
António Costa disse que, apesar de não ter lido “em pormenor o parecer
da PGR”, crê que “essas restrições de circulação não podem ser impostas
do ponto de vista administrativo”. O
secretário-geral socialista recordou que, desde o início da pandemia, já
decorreram duas eleições nacionais – as presidenciais e as autárquicas –
e umas eleições regionais, que demonstraram que, “sempre que é
possível”, as assembleias de voto “têm sido organizadas de forma a
evitar cruzamentos”, mas que “nem em todos os sítios há condições
físicas para que isso seja possível”. Nesse
sentido, Costa reiterou que considera que a "melhor forma de evitar"
contágios no dia das eleições é que "quem não está em isolamento possa
votar o mais cedo possível, quem está em isolamento possa votar o mais
tarde possível, desejavelmente a partir das 18:00, e de forma a que tudo
decorra em segurança". Costa reiterou
ainda o apelo para que os cidadãos se inscrevam no voto antecipado,
relembrando que o prazo de inscrição para essa modalidade termina na
quinta-feira, d considerando que, dessa forma, todos poderão “votar” e
“votar em segurança”. "Se houver este
equilíbrio entre todos, todos poderemos votar e todos poderemos votar em
segurança, e é isso que eu acho que é desejável fazermos para que todos
possamos viver em sociedade", disse.