Costa considera que Estado deve intervir no que é “estritamente essencial”
Covid- 19
17 de mar. de 2020, 11:59
— Lusa/AO Online
“Temos
procurado proteger esses setores para assegurar a manutenção da sua
atividade, e o senhor ministro das Finanças e o senhor ministro da
Economia apresentarão, aliás, um pacote muito forte de apoio à
sustentação do emprego e do rendimento das famílias”, anunciou António
Costa, em entrevista à SIC, durante o Jornal da Noite de hoje.Na
ótica do chefe de Governo, “a condição primeira para evitar o tsunami
económico” passa por “garantir que não há quebras de rendimento e não
quebras de emprego”, porque existem setores, como o do turismo, que
“estão a ser duramente afetados por esta crise”.“As
medidas que vamos desenhar amanhã [terça-feira] são para micro,
pequenas, médias empresas e as chamadas ‘mid capital companies’, e com
um pacote de medidas bastante diversificado, seja de linhas de crédito
com juros francamente favoráveis, seja com diferimento do cumprimento de
algumas obrigações – não é perdão mas é diferimento de algumas
obrigações”, explicou.António Costa
salientou igualmente que o Governo tem vindo “a trabalhar com a banca
para assegurar as moratórias de créditos que são necessárias assegurar,
para não estrangular agora empresas que estão numa situação
conjunturalmente difícil”.Ressalvando que
está a “olhar para o futuro com muita preocupação, tendo em conta ainda
os diferentes graus de incerteza”, o primeiro-ministro antecipou que
“hoje muito provavelmente já não vai haver excedente orçamental”.“Mas
a verdade é que foi uma gestão orçamental responsável que hoje nos
permite olhar para esta situação sem estarmos aqui angustiados sobre
qual vai ser o saldo ao final deste ano”, advogou.Para
o chefe do Governo, “o maior dos problemas é a pancada” que esta
pandemia poderá dar na “trajetória de crescimento” da economia,
antecipando também “uma pancada no emprego”.“Se
tudo para, há uma situação de colapso que temos de evitar a todo o
custo”, vincou, reforçando a necessidade de o Estado “proteger o
conjunto da vida e do emprego, e dos rendimentos”.“Temos
de conseguir adotar medidas, e é isso que estamos a prever, que
permitam, não só no turismo, mas também nos setores industriais,
assegurar que as cadeias de distribuição e produção de alimentos
continuam a funcionar”, apontou.Questionado
se ajudaria primeiro a área das artes e espetáculos ou o futebol, o
primeiro-ministro salientou que a “prioridade máxima tem de ser a saúde,
e essa tem de ser a primeira das primeiras prioridades”.Apesar
de reconhecer que “o cancelamento generalizado de espetáculos é
dramático”, o primeiro-ministro anunciou que “há medidas que o
Ministério da Cultura tem preparado para responder a essa situação”.“Creio
que relativamente ao futebol profissional é um mundo à parte”,
observou, notando que o Estado “tem de definir quais são as prioridades
e, manifestamente, essa não é uma prioridade”.Sobre
os bancos, Costa referiu que estas instituições “têm que ser
consciência mesmo que na crise de 2008 a responsabilidade do setor
financeiro foi muitíssimo elevada”, pelo que “hoje há uma função de
responsabilidade social muito grande que têm e que têm que assumir”,
porque os bancos sabem que “já não vivem de si próprios” e “têm
obrigação de apoiar os seus clientes”.“E adotaremos todas as medidas que forem necessárias para que isso aconteça”, garantiu.Portugal registou, até segunda-feiira, uma morte e 331 pessoas infetadas com Covid-19.