Costa considera “injusto” Portugal em “listas vermelhas” e critica União Europeia
10 de jul. de 2020, 13:33
— LUSA/AO online
António Costa assumiu esta posição no final de
uma reunião com o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares,
sobre o combate à pandemia da covid-19, na qual esteve acompanhado pela
ministra da Saúde, Marta Temido, e pelo secretário de Estado dos
Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, também coordenador do Governo
para a região de Lisboa e Vale do Tejo.Interrogado
sobre o número crescente de países que colocam restrições à entrada de
pessoas que estiveram em Portugal, o primeiro-ministro respondeu: "Eu
acho que, manifestamente, é injusto"."Quem
veja essas classificações, até parece que estamos numa situação de
risco generalizado muito elevado comparativamente com outros. Caso se
analisem com atenção os números, podemos identificar muito bem qual o
tipo de situação que existe. Mas, sobretudo, temos de integrar outros
números, razão pela qual recomendo muito que se leiam os relatórios da
Agência Europeia do Controlo das Doenças", defendeu.Segundo
António Costa, esta agência "tem insistido sempre na necessidade de
utilizar uma multiplicidade de critérios para se avaliar o grau de
risco".Depois de ter insistido na tese
relativa às diferenças ao nível da testagem praticada em vários países, o
primeiro-ministro deixou críticas à forma como a União Europeia tem
atuado ao nível da gestão das suas fronteiras internas."Há
uma área em que a União Europeia tem falhado por não haver um critério
uniforme relativamente às fronteiras internas, o que depois gera
discrepâncias extraordinárias e até casos de pura retaliação. Há países
que foram colocados recentemente em listas vermelhas, não porque tenham
uma grande incidência da covid-19, mas porque tinham colocado outros em
listas vermelhas", disse.Em seguida,
António Costa deixou um aviso às autoridades europeias: "Se começarmos
todos a retaliar uns aos outros, vamos todos estar rapidamente em listas
vermelhas"."É preciso muito bom senso e
haver aqui um diálogo sério das instituições europeias. A reação da
União Europeia tem corrido melhor na capacidade de resposta à crise
económica e social do que na gestão interna das suas fronteiras. Espero
que isto seja rapidamente ultrapassado", completou o primeiro-ministro.Neste
contexto, António Costa classificou como "positivo" que a Bélgica
"tenha compreendido a diferença existente entre situação no conjunto de
Portugal e a situação de algumas localidades"."É
verdade que em Portugal conhecemos mais casos, mas temos mais razões
para estar seguros. Perigoso são os países que não testam, porque
conhecem menos a realidade", sustentou.