Costa avisa que o PS terá sempre uma guerra pela frente
20 de abr. de 2023, 06:30
— Lusa/AO Online
António Costa
falava no final do jantar comemorativo dos 50 anos do PS, no Pavilhão
Carlos Lopes, em Lisboa, num discurso em que começou por destacar os
primeiros anos da democracia portuguesa e a luta então travada pelos
socialistas portugueses pela liberdade política e pela liberdade
sindical.“Portugal é do povo não é de
Moscovo”, declarou o atual líder socialista, recordando uma das palavras
de ordem do PS em 1975, durante o Processo Revolucionário em Curso
(PREC).O atual líder do PS saudou todos os
anteriores secretários-gerais do PS, “de Mário Soares a António José
Seguro”, e realçou mudanças operadas por todos os governos socialistas,
incluindo os de José Sócrates.De todos os
anteriores líderes, António Costa tinha a ouvi-lo Vítor Constâncio e
Ferro Rodrigues, de quem foi, aliás, membro das suas direções no PS.Numa
das suas passagens, referiu uma evidência, dizendo que a primeira
maioria absoluta do PS foi alcançada por Ferro Rodrigues nas eleições
europeias. Uma referência de António Costa que alguns dos presentes
entenderam como uma farpa a José Sócrates, a quem é atribuída a primeira
maioria absoluta nas legislativas de 2005. Ao
longo de mais de 20 minutos, o atual secretário-geral do PS reivindicou
para o seu partido mudanças na sociedade portuguesa como a permissão do
divórcio para casamentos católicos, a autonomia do Ministério Público
no sistema de justiça, a criação do Serviço Nacional de Saúde com
António Arnaut ou a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia
com Mário Soares.“Mas não estamos aqui a
celebrar os 50 anos que já passaram. Estamos aqui a recordar os 50 anos
que passaram, mas, sobretudo, para alargarmos o nosso horizonte, com os
olhos postos no futuro, para não termos de estar para o chão”, disse,
aqui citando o líder histórico dos socialistas espanhóis, Felipe
González.Segundo o primeiro-ministro
português, as comemorações dos 50 anos do PS “devem abrir novas
perspetivas no horizonte, na ambição, na esperança, na convicção”.“Há
uma certeza que podemos ter: Hoje a guerra pode ser outra, hoje temos
de ter uma nova trincheira, mas vamos ter sempre uma guerra pela frente a
travar”, sustentou.O líder dos
socialistas assinalou que, no presente, “já não há uma ditadura que
persegue” como nos tempos da fundação do seu partido, “mas há um
populismo que ameaça a democracia e que se impõe combater”.“Foram
eliminadas muitas desigualdades que existiam, mas as transições
climáticas e digital criam novos riscos de desigualdade. E temos de
dizer a todos: Não vamos deixar ninguém para trás”, apontou logo a
seguir.Na sua intervenção, o
secretário-geral do PS considerou que o principal desafio da sociedade
“é o de garantir à parte mais jovem da atual geração condições que
permitam ao pais dar o salto em frente que o país ainda precisa para se
aproximar ainda mais dos mais desenvolvidos da União Europeia”.Neste contexto, deixou o único ataque direto às forças políticas à direita dos socialistas.“A
direita, que tem a inveja no seu ADN, só se preocupa com aqueles que
estão menos desenvolvidos se aproximem de nós. Nós não temos inveja, mas
satisfação, porque, para nós, a Europa não é uma oportunidade para nós e
uma desvantagem para os outros”, advogou.António Costa pegou depois no exemplo da antiga campeã olímpica da maratona, Rosa Mota, que se encontrava no jantar.“A
nossa meta não é estar a olhar para trás. A nossa Rosa Mota, quando
corria a maratona, nunca ganharia se estivesse sempre a olhar para trás.
Só ganhou porque olhava para a meta, olhava para o objetivo que tinha. E
o nosso objetivo não é que os que estão menos desenvolvidos continuem
menos desenvolvidos. O nosso objetivo é chegar à meta, sermos mais
desenvolvidos e prósperos”, acrescentou.