Costa assume números "dramáticos" mas rejeita decidir "conforme as pressões"
Covid-19
20 de jan. de 2021, 18:22
— Lusa/AO Online
Num dia em que
Portugal contabilizou 219 mortes relacionadas com a Covid-19 e 14.647
casos de infeção com o novo coronavírus, novo máximo nacional desde o
início da pandemia, António Costa, que se deslocou a Bruxelas para
apresentar no Parlamento Europeu as prioridades da presidência
portuguesa da UE, reconheceu que “os números de hoje, como é sabido, são
particularmente dramáticos e demonstrativos da gravidade da situação
que existe no país”.Sublinhando que,
“obviamente, é cedo para tirar conclusões finais sobre as medidas”
tomadas pelo Governo na semana passada, “porque é sabido que entre o
momento em que se toma as medidas e elas produzem efeito há pelo menos
duas semanas de demora”, António Costa reiterou que, mesmo no atual
contexto, tudo será feito para evitar o encerramento das escolas, apesar
de se multiplicarem as vozes a defender esse cenário.“Nós
não podemos tomar decisões conforme as pressões. Ainda há poucas
semanas a pressão era para abrir os restaurantes mais tempo, agora a
pressão é para fechar mais. Nós temos de ir tomando as decisões em
função daquilo que são as realidades efetivas e qual é a dinâmica
efetiva”, declarou. Costa referiu que "há
nesta circunstância concreta (...) um elemento muito importante”, que se
prende com “as análises que estão a ser realizadas neste momento no
Instituto Ricardo Jorge com base nas amostras recolhidas nos últimos
dias”, que considerou “decisivas” para se ter a perceção do grau de
prevalência da nova estirpe, que acelera o ritmo de transmissão.O
primeiro-ministro assumiu que, “se a prevalência dessa estirpe for
relevante”, aí, porventura, terão de ser tomadas “medidas perante uma
nova realidade”, numa lógica que garante ser a mesma “desde o início: O
Governo nunca hesitará em tomar a qualquer momento qualquer medida que
seja necessária para travar a pandemia”. “Agora,
convém não esquecer que todos sabemos hoje qual foi o custo social e no
processo de aprendizagem para as crianças do encerramento das escolas
no ano passado. E aqui não se trata de compensar as perdas económicas de
uma empresa, porque essas são mais ou menos compensáveis – podemos não
compensar tudo, e não temos dinheiro infelizmente para compensar a
dimensão das perdas que estão a ter -, estamos a falar da formação de
uma geração, e este é um dano cujo preço a pagar não é hoje, é um preço
que pagaremos longamente ao longo dos próximos anos. Portanto é preciso
ter muita serenidade, ter muita calma, recolher informação e tomar as
decisões”, declarou.Lembrando que na
quinta-feira haverá novo Conselho de Ministros, António Costa reiterou
que o encerramento dos estabelecimentos escolares só será decretado “em
último caso”, mas, atendendo à evolução da situação epidemiológica em
Portugal, não excluiu o cenário de “lá ter que chegar”.“Vamos
fazer tudo para evitar o encerramento das escolas, e só o devemos fazer
em último caso. Ontem [terça-feira] já o disse na Assembleia [da
República]: Se, por exemplo, se vier a verificar que efetivamente a nova
variante tem um peso muito grande e que, portanto, isso é um risco
acrescido de uma circulação muito mais acelerada na transmissão do
vírus, bom, poderemos lá ter que chegar. Mas eu acho que é o desejo de
todos seguramente não chegarmos lá”, afirmou.O
primeiro-ministro adiantou que, ainda hoje, assim que estiver de
regresso a Lisboa, se reunirá com as ministras da Saúde e da
Presidência, e revelou que já falou hoje à tarde com o Presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa."Nós
temos estado a manter o acompanhamento permanente da situação todo o dia
e eu, hoje, apesar de estar aqui no Parlamento Europeu, tenho mantido
um contacto permanente com Portugal para ver a evolução da situação",
disse António Costa."A senhora ministra da
Saúde e a ministra da Presidência vão reunir hoje ao fim do dia com os
epidemiologistas, eu tive a oportunidade ainda há pouco de falar com o
Presidente da República, e quando chegar logo à noite a Lisboa irei
reunir também com a ministra da Saúde e com a ministra da Presidência.
Amanhã [quinta-feira] temos Conselho de ministros, e portanto estamos a
avaliar a evolução da situação", disse.