Costa aponta “barafunda nos Açores” como ensaio do que PSD pretende fazer no país
12 de dez. de 2023, 09:43
— Lusa/AO Online
Esta posição foi
defendida por António Costa em entrevista à TVI, poucas horas depois de o
Conselho de Estado se ter reunido e o Presidente da República ter
decretado a dissolução do parlamento açoriano, convocando eleições
regionais antecipadas para 04 de fevereiro. “Não
acredito em nenhuma solução estável que não tenha por base o PS, porque
acho, como aliás vimos hoje com o fiasco da solução tentada por aquela
barafunda que a direita organizou nos Açores”, declarou.De
acordo com o líder do executivo, “a solução com base em arranjos entre o
PSD, a Iniciativa Liberal, o Chega, o PPM, o CDS nem três anos durou”
nos Açores.“Portanto, aquilo foi um ensaio
geral do que o PSD pretende fazer a nível nacional. Não queiramos
imaginar que vamos sair das eleições de março com uma barafunda idêntica
àquela que fizeram agora nos Açores. Foi um ensaio geral, foi um
fiasco. Convém não repetir”, advertiu.Para
o ainda líder dos socialistas, “a única solução estável possível nas
próximas eleições de 10 de março é uma solução que tenha por base o PS”.A seguir, o primeiro-ministro visou o presidente do PSD, Luís Montenegro."Cada
vez que ouço o líder do PSD falar sobre o futuro só ouço palavras do
passado e só vejo gente do passado. Isso é o que me impressiona
bastante”, disse, antes de fazer uma alusão ao recente congresso dos
sociais-democratas em Almada.“Como é que
ao fim destes anos todos o melhor que têm para dar de energia ao partido
é ir buscar o professor Cavaco Silva para animar o PSD? Isso é que me
deixa apoquentado sobre o futuro da dinâmica e da capacidade de
alternativa democrática em Portugal", completou. Interrogado
se espera estar ativo na próxima campanha eleitoral, apesar de já não
ser então secretário-geral do PS, António Costa mostrou-se disponível
para fazer a campanha que o futuro líder do partido entenda. “Há
uma coisa sobre a qual eu não tenho as menores dúvidas: a boa solução
para o futuro Governo de Portugal é dar continuidade a este processo de
mudança que iniciámos em 2015, e isso implica um Governo do PS e é um
Governo do PS que consegue gerar estabilidade. Temos neste momento,
felizmente, dois candidatos à liderança do PS [Pedro Nuno Santos e José
Luís Carneiro], sendo que eu, como é sabido, sou neutro nessa escolha”,
repetiu.No entanto, sobre o seu sucesso no
cargo de secretário-geral do PS, afirmou ter uma certeza. “Qualquer um
deles tem muito mais experiência, muito mais competência e assegura
muito melhores qualidades de governação do que o líder da oposição",
advogou.Interrogado sobre o facto de Pedro
Nuno Santos e José Luís Carneiro estarem a propor novas medidas para os
professores – um setor profissional a quem o seu Governo rejeitou a
recuperação total do tempo de serviço congelado -, o primeiro-ministro
discordou de que se trate de jogo político.“Neste
momento, é normal que o PS olhe, faça um balanço do que é que correu
bem, o que é que correu mal, o que é que não fizemos e podíamos fazer,
que novos problemas é que existem e que exigem novas repostas, que novas
abordagens devemos ter. Portanto, acho perfeitamente normal e nada me
incomoda que o PS eleja um líder que defenda coisas diversas daquelas
que eu defendo”, declarou.António Costa acrescentou que, a partir do próximo dia 17, com a eleição de um novo líder, será “um militante base do PS”.“Espero
que o PS tenha orgulho destes oito anos de governação. Faço uma
avaliação globalmente positiva, mas há necessidade de escolher novos
caminhos", acrescentou.