Corvo incentiva reutilização e reciclagem para obter certificação "Zero Resíduos"
20 de dez. de 2023, 12:14
— Lusa/AO Online
A
mais pequena ilha do arquipélago dos Açores deverá implementar um
sistema de recolha porta-a-porta de biorresíduos, que serão depois
tratados em unidades de compostagem comunitária na ilha, evitando que
tenham de ser transportados para outras ilhas, como acontece atualmente.“Serão
distribuídos contentores para biorresíduos aos cidadãos (um contentor
de sete litros ventilado para a cozinha e outro, de 40 litros, para
deposição na rua, bem como dos ‘sets’ de sacos compostáveis), com
identificação do utilizador, por forma a monitorizar a correta separação
dos resíduos por cada família”, adiantou a Zero, em comunicado de
imprensa.O projeto “Corvo Zero Resíduos” será monitorizado pela associação Zero e terá o apoio da associação ambiental local Corvo Vivo.A
frota municipal de recolha será renovada, com a aquisição de duas
viaturas de baixas emissões e de ferramentas de apoio às atividades de
recolha, compostagem e gestão de resíduos.Também
será adquirido um biotriturador para gestão da matéria biodegradável de
jardim e parques, que servirá como material estruturante para os
compostores.Aquando da distribuição dos
novos contentores, haverá “uma intensa campanha de sensibilização”, no
sentido de “informar os moradores sobre os seus deveres cívicos”.A
Zero espera que a campanha de separação de biorresíduos permita “um
aumento progressivo da quantidade e qualidade dos resíduos recicláveis”,
estando prevista também a deposição em pontos específicos dos têxteis
(roupa em bom estado) e resíduos têxteis, materiais de construção e
demolição, resíduos elétricos e eletrónicos, óleos alimentares usados e
monstros.Segundo a associação, as
caracterizações físicas realizadas ao lixo indiferenciado indicam que os
biorresíduos constituem cerca de 36% do total dos resíduos urbanos.A
taxa de recolha seletiva no Corvo situa-se nos 24% e os resíduos
recolhidos na ilha são atualmente transferidos para o centro de
processamento e triagem da ilha das Flores (CPR), “onde tem havido uma
grande acumulação de resíduos devido à impossibilidade de os transportar
por via marítima”, face às condições meteorológicas e aos
constrangimentos no porto das Lajes, destruído pelo furacão Lorenzo, em
2019.Numa segunda fase, serão
implementadas iniciativas que visam promover a prevenção e reutilização,
como o projeto-piloto de ‘repair-café’ e ‘repair-workshop’, onde será
incentivada a reparação de pequenos eletrodomésticos, móveis, bicicletas
ou equipamentos desportivos, com a realização de cursos, atividades
culturais e pequenas feiras, “numa ótica da economia da troca e de
promoção da circularidade”.Outra das
iniciativas previstas é a criação de uma “biblioteca das coisas”, para
“disponibilizar pequenos equipamentos, ferramentas ou objetos vários,
cuja utilização seja apenas necessária por pequenos períodos, permitindo
ter um 'stock' disponível para toda a população da ilha, sem
necessidade de adquirir artigos importados de outras ilhas ou do
continente”.O projeto pretende ainda
implementar um sistema de reutilização de fraldas (lavagem e
acompanhamento técnico), através das instituições e escolas da ilha, e
monitorizar os eventos culturais e desportivos e as atividades
turísticas, para evitar o uso de embalagens descartáveis.O
Corvo é o primeiro município insular e o primeiro de uma região com
estatuto de Reserva da Biosfera da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a candidatar-se à certificação
Zero Resíduos.