Coreia do Sul suspende licenças de médicos em greve
5 de mar. de 2024, 16:29
— Lusa
Os
médicos residentes receberam ordem para regressarem ao trabalho no
domingo passado, depois de 13 dias de greve, uma paralisação marcada por
tempo indeterminado para protestar contra a reforma do setor promovida
pelo Governo da Coreia do Sul, que inclui o aumento do número anual de
licenciados em medicina de 3.000 para 5.000.A
Associação Médica Coreana (AMC) denunciou que estas medidas implicam
uma carga insustentável para as universidades e não resolvem a falta de
incentivos para escolher as especialidades mais mal pagas, como a
pediatria, ou para preencher vagas em locais remotos.O
vice-ministro da Saúde, Park Min Soo, explicou que as notificações de
suspensão começaram hoje a ser entregues, sendo que o Ministério da
Saúde investigou 50 hospitais universitários para elaborar uma lista
detalhada dos médicos residentes que não cumpriram a ordem de regresso
ao trabalho e que irão sofrer retaliações.Segundo
o governante, esta medida atrasará em mais de um ano o curso de
especialização e quaisquer formações posteriores na carreira, já que os
processos dos médicos ficarão com a medida disciplinar e o motivo
registados, o que os afetará na procura de trabalho.
Além disso, o chefe da unidade de investigação da polícia, Woo Jong
Soo, anunciou que será feita uma “investigação rigorosa” aos médicos que
sejam alvo de denúncias, embora tenha indicado que, para já, não foi
feita nenhuma.A polícia convocou ainda
cinco atuais e antigos responsáveis da Associação Médica para
testemunhar em relação à greve, emitindo mesmo ordens para não deixar
quatro funcionários da organização sair do país, tendo, entretanto,
realizado buscas à sede do organismo.Quase
70% (8.945) dos 13 mil médicos residentes do país entregaram, até
quinta-feira da semana passada, cartas de demissão numa centena de
hospitais universitários, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde,
e apenas 565 voltaram ao trabalho no cumprimento da ordem das
autoridades.No domingo, cerca de 30 mil médicos – 15 mil segundo a polícia local – saíram às ruas de Seul numa demonstração de força da AMC.A
própria associação garantiu na segunda-feira que não irá “sucumbir ao
Governo tirânico” e anunciou que contactou a Federação Internacional de
Associações de Estudantes de Medicina - que conta com 1,3 milhões de
membros de 130 países - para debater o atual diferendo.No
domingo, a Associação Médica Mundial emitiu uma declaração de apoio ao
direito à greve dos médicos sul-coreanos e apelou a “condições de
trabalho razoáveis” e a um “plano estratégico para o desenvolvimento da
educação médica”.