Coreia do Norte voltou a rejeitar negociações com os Estados Unidos
7 de jul. de 2020, 12:54
— LUSA/AO online
Num comunicado divulgado hoje pela agência de
notícias estatal da Coreia do Norte, o alto funcionário do Ministério
dos Negócios Estrangeiros, Kwon Jong Gun, também ridicularizou os
pedidos “absurdos” para o regresso à mesa das negociações com os EUA,
feitos pela Coreia do Sul. “Não
tencionamos voltar a encontrar-nos, cara a cara, com os Estados Unidos”,
disse Kwon Jong Gun, no comunicado, rejeitando qualquer hipótese de um
encontro com Biegun, que aterrou hoje em Seul, antes de partir para o
Japão, na quinta-feira.O responsável
diplomático da Coreia do Norte também desvalorizou o papel de mediador
da Coreia do Sul, nas relações com os Estados Unidos.“Lamentamos
ver a Coreia do Sul a esforçar-se tanto a tentar ser o mediador. O
tempo dirá se os seus esforços terão sucesso ou se serão ridículos e uma
perda de tempo”, disse Kwon Jong Gun.Biegun
- que também é o representante especial de Donald Trump na Coreia do
Norte - está na Coreia do Sul com uma agenda diplomática diversificada,
que inclui a desnuclearização da península coreana como um dos pontos
centrais, de acordo com um comunicado do Departamento de Estado
norte-americano.Mas as negociações estão
num impasse, após três cimeiras entre Trump e o líder norte-coreano, Kim
Jong-un, em 2018 e 2019, em que a Coreia do Norte disse apenas aceitar
uma renúncia parcial do seu programa nuclear em troca do alívio imediato
das sanções impostas pelo Washington – uma pretensão rejeitada pelo
Presidente dos EUA.Perante este impasse,
nos últimos meses a Coreia do Norte tem repetido que não voltará à mesa
das negociações com os EUA, a menos que receba promessas substanciais
por parte de Washington.A Coreia do Norte
também tem pressionado a Coreia do Sul, tendo interrompido todas as
ligações diplomáticas e fazendo explodir o seu escritório de ligação
inter-coreano, em junho passado.Vários
analistas consideram que a Coreia do Norte evitará qualquer nova
negociação com os Estados Unidos, preferindo continuar com a estratégia
de pressão sobre a Coreia do Sul, procurando ganhar trunfos, para jogar
em futuros entendimentos com os norte-americanos.Outros
analistas, referem que Pyongyang está a ganhar tempo, na expectativa de
uma mudança de liderança na Casa Branca, após as eleições presidenciais
nos Estados Unidos, marcadas para 03 de novembro.Contudo,
alguns analistas, como Leif-Eric Easley, professor da Universidade
Ewha, em Seul, não descartam a possibilidade de uma nova cimeira entre
Trump e Kim Jong-Un, em breve.“Normalmente,
um Presidente dos EUA não correria esse risco, a pouco tempo de
eleições. Mas, olhando para as fracas sondagens, Trump pode encontrar um
incentivo em procurar ir mais longe neste roteiro”, explica Easley.A
declaração de hoje de Kwon surge dias depois de o primeiro
vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Choe Sun Hui -
a quem Biegun descreveu como seu possível parceiro quando as
negociações recomeçarem – ter dito que a Coreia do Norte não retomará as
negociações, a menos que Washington descarte o que descreve como
“políticas hostis”.