Cordeiro defende melhor compreensão das autonomias regionais
27 de out. de 2017, 06:16
— Lusa/AO Online
“Existem aspetos que entroncam numa causa comum e essa
causa comum é, talvez, a necessidade de ser melhorada a compreensão que
no todo nacional existe quanto às autonomias regionais”, afirmou Vasco
Cordeiro, no Palácio de Santana, sede da presidência do executivo
açoriano, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.O chefe do
Governo Regional discursava antes do jantar em honra do Presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa, que está nos Açores de visita às
ilhas do grupo oriental.Vasco Cordeiro salientou que esta “não é
uma questão de agora”, nem “de atuais protagonistas, sejam eles ao nível
da região ou ao nível da República”, mas “é algo de mais profundo” a
“dificuldade de haver um reconhecimento quanto àquelas que são as
potencialidades e as vantagens que as autonomias regionais têm” para
Portugal.“No fundo a consciência de que este processo não serve
apenas os interesses de cada uma das regiões, serve também os interesses
do país no seu todo”, frisou, referindo que “naquilo que deriva da
compreensão ou falta dela há exemplos muito concretos”, como os serviços
do Estado na região, mas também outras áreas, nas quais “legitimamente a
região anseia ter uma palavra e uma participação mais conforme com os
tempos” atuais, como o mar.Para o presidente do executivo
açoriano, a região “tem a ambição de poder ser parte na realização dessa
promessa que é o mar” para o país, considerando que “por aqui também
passa, havendo uma nítida compreensão do que está em causa, o reforço da
coesão nacional”.“Porque não é apenas professando este princípio
que ela se realizará, mas precisa efetiva e verdadeiramente de
expressões práticas que conduzam a esse reforço dessa ideia de coesão”,
disse, considerando que não se deve cair no erro “de julgar que é uma
inevitabilidade haver sempre este entendimento quanto à forma como
todos” se relacionam.Nesse sentido, notou que, “infelizmente, há
muitos exemplos pela Europa fora que dão conta de que não é uma
inevitabilidade, de que pode haver sempre outras perspetivas”.Em
junho, no Dia da Região Autónoma dos Açores, Vasco Cordeiro (PS)
considerou que faz falta ao país “uma verdadeira pedagogia das
autonomias regionais” que “combata o preconceito e apazigue a
desconfiança”, numa cerimónia na sede do parlamento regional presidida
pelo chefe de Estado, no decurso da visita que fez às ilhas do grupo
central e ocidental.Em 2015, o Governo dos Açores avançou com um
pedido de fiscalização da constitucionalidade e da legalidade do diploma
apresentado pelo anterior Governo da República (PSD/CDS-PP) sobre a
aplicação da Lei de Bases do Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo,
por considerar que o mesmo desrespeitava as competências da região
autónoma previstas no Estatuto e na Constituição.Em março de
2016, o Tribunal Constitucional considerou num acórdão que as normas do
diploma não sofrem de inconstitucionalidade, nem de ilegalidade.Então,
Vasco Cordeiro, declarou que o entendimento daquele tribunal “é um
retrocesso que tem de ser corrigido por via legislativa”.