Cooperação reforçada na Defesa notificada por 23 países
13 de nov. de 2017, 12:48
— Lusa/AO online
Apesar de
o Governo já ter anunciado a sua intenção de participar na cooperação
estruturada permanente, Portugal é, juntamente com Reino Unido, Irlanda,
Dinamarca e Malta, um dos poucos Estados-membros que ainda não assinou a
notificação, hoje entregue pelos ministros dos restantes 23 países da
UE à Alta Representante para a Política Externa e Política de Segurança,
Federica Mogherini, mas à qual os países podem aderir numa fase
posterior.Alemanha,
Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Eslováquia, Eslovénia,
Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália,
Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Polónia, República Checa, Suécia e
Roménia foram os 23 Estados-membros que assinaram a notificação
conjunta, na qual se comprometem a trabalhar mais de perto na área da
segurança e defesa, o que inclui o desenvolvimento de capacidades de
defesa conjuntas, o investimento em projetos partilhados e melhorar a
prontidão e contributo operacional das suas forças armadas.A notificação é um primeiro passo formal para avançar com esta iniciativa, prevista nos Tratados da UE, mas inédita até agora.A
cooperação estruturada permanente deverá ser formalmente estabelecida
numa votação por maioria qualificada a ter lugar muito provavelmente no
Conselho de Negócios Estrangeiros agendado para 11 de dezembro próximo,
devendo até lá Portugal formalizar o seu interesse em participar.Numa
primeira reação à notificação hoje entregue, Mogherini comentou que “é
um dia histórico” e sublinhou que “a carta de notificação está aberta a
outros países que queiram juntar-se”, mensagem também realçada pelo
presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.“Sei
que isto não é para todos, mas aqueles países que quiserem ir em frente
devem ser encorajados a fazê-lo. Combinar as capacidades de defesa na
Europa faz perfeitamente sentido do ponto de vista económica”, apontou
Juncker. Na
passada sexta-feira, por ocasião de uma audição conjunta, no parlamento,
dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e da
Defesa Nacional, José Azeredo Lopes – que hoje participam no Conselho de
Negócios Estrangeiros, em Bruxelas -, sobre a criação da cooperação
estruturada permanente na área da segurança e da defesa (PESCO, na sigla
original) da União Europeia, PSD e CDS-PP recusaram “passar um cheque
em branco” à participação portuguesa, enquanto PCP e Bloco de Esquerda
se demarcaram da opção do executivo de aderir a este mecanismo europeu.O ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou que “a participação é voluntária e deixa a soberania nacional intocável”. Além
disso, o chefe da diplomacia portuguesa insistiu que “este compromisso
não cobre uma força de prontidão, força permanente ou força em estado de
pré-prontidão”. “Estamos
a reforçar a cooperação entre Estados-membros no domínio crítico da
segurança e da defesa e não estamos a constituir forças armadas
europeias, nem exército europeu, nem comando europeu”, disse. No
final da audição, Augusto Santos Silva defendeu que, caso Portugal
ficasse fora desta cooperação estruturada permanente, tornar-se-ia
“irrelevante” na construção deste mecanismo e, com isso, “irrelevante na
defesa coletiva da Europa”.O
ministro da Defesa, Azeredo Lopes, comprometeu-se a apresentar aos
deputados o plano de implementação nacional da adesão ao mecanismo.