Continuar a estudar ficou mais difícil para um quarto de universitários
Covid-19
5 de mai. de 2021, 15:30
— Lusa/AO Online
Estas são
algumas das conclusões de uma consulta promovida por 11 associações e
federações académicas entre 24 de março e 10 de abril junto dos
estudantes do ensino superior, para perceber o impacto da pandemia em
termos de habitação e rendimento.Os
resultados divulgados traduzem as respostas de 4.013
universitários, a frequentar licenciatura e mestrado em instituições de
todo o país.Relativamente aos seus
rendimentos, as associações académicas notaram “um grande impacto
causado pela Covid-19”, com quase um terço dos estudantes a admitir que o
valor de que dispõem mensalmente foi afetado pela pandemia.Alguns
estudantes (20,1%) relataram que, depois de pagar as despesas fixas,
que incluem a propina, transportes e habitação, sobram-lhes menos de 50
euros e outros 24,9% não ficam com mais de 100 euros.De
acordo com as respostas dos alunos, o agravamento da sua situação
financeira decorreu sobretudo da perda de emprego de um dos elementos do
agregado familiar, referido por um terço dos inquiridos.Por
outro lado, alguns (27,5%) referem que o negócio da família foi afetado
pela pandemia de Covid-19 e entre os trabalhadores-estudantes cerca de
metade perdeu o emprego ou entrou em ‘lay-off’ no último ano.Perante
este cenário, quase um quarto dos universitários dizem ter dificuldades
em suportar a frequência no ensino superior e 7% admitem ponderar
deixar de estudar por questões económicas, um número que as associações
académicas consideram ser o mais preocupante.Na lista das despesas que para estes alunos são difíceis de carregar, aquelas que mais pesam são a propina e o alojamento.Ainda
assim, a maioria dos estudantes deslocados (cerca de 85%) manteve a
mesma casa, apesar de apenas 25% terem continuado a viver aí durante o
período de confinamento, que no ensino superior terminou em 19 de abril
com o regresso parcial ao ‘campus’.Para
pouco mais de metade dos deslocados, essa decisão foi justificada pela
“incerteza acerca ao retorno das aulas presenciais”, mas outros 15,7%
fizeram-no para garantir a casa atual no próximo ano letivo.Os
efeitos da pandemia na economia das famílias também se refletem a este
nível e para 21% dos estudantes deslocados, voltar a residir na zona
onde estudam será muito difícil.Quando às
condições de estudo em casa, alguns alunos relataram não ter em casa um
espaço adequado para estudar, fosse na sua residência familiar (9,5%),
ou na habitação da zona onde estudam (6,5%).A
consulta mostra ainda que 20% dos universitários afirmaram ter falhas
de rede muitas vezes durante as aulas ‘online’ e que, na altura em que
responderam ao inquérito, cerca de 130 dos 4.013 ainda não tinham
computador pessoal para estudar.No mesmo
inquérito, os estudantes foram também questionados sobre o impacto da
pandemia na sua saúde mental, mas os resultados dessas respostas ainda
não foram divulgados.O estudo foi
promovido por associações e federações académicas de Lisboa, Porto,
Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, Beira Interior, Évora, Algarve,
Açores e Madeira, e pela Federação Nacional de Associações de Estudantes
do Ensino Superior Politécnico.