Consumos caem entre alunos, mas jogo a dinheiro cresce no país e triplica nos Açores
Hoje 16:26
— Lusa/AO Online
O Estudo sobre o Consumo de
Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências
Portugal 2024, do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as
Dependências (ICAD), acompanha os hábitos dos alunos do ensino público
entre os 13 e os 18 anos. Os resultados do
Relatório Regional do ECATD-CAD 2024 revelam uma evolução positiva
entre 2019 e 2024, mas também novos desafios: o consumo de álcool caiu
11 pontos percentuais (p.p.) e o tabaco 12 p.p., enquanto o jogo a
dinheiro aumentou 5 p.p. e triplicou nos Açores, salienta o ICAD em
comunicado.“A redução do consumo de
substâncias é um sinal encorajador, mas o aumento do jogo ‘online’ e a
iniciação precoce ao álcool e tabaco exigem respostas rápidas e
eficazes”, defende a instituição.Analisando
o consumo de álcool, o relatório mostra que a percentagem de
consumidores diverge consideravelmente de região para região, com o
Alentejo a destacar-se por um maior consumo (seja qual for a
temporalidade considerada), seguindo do Algarve (consumo ao longo da
vida e últimos 12 meses) e do Centro (últimos 30 dias), enquanto a
Madeira regista as menores prevalências do país, consideravelmente
abaixo do total nacional.Cerca de quatro
em cada dez alunos do Alentejo ingeriram uma bebida alcoólica no mês
anterior ao inquérito, enquanto na Madeira a proporção é cerca de metade
desse consumo.“A percentagem de alunos
que declaram ter iniciado o consumo de álcool com 13 anos ou menos é
maior no Algarve e no Alentejo (37%, em ambas as regiões) e menos em
Lisboa (27%) e na Madeira (26%), o que espelha uma discrepância regional
considerável”, destaca.À semelhança do
álcool, o Alentejo destaca-se por ser a região com as maiores
prevalências de consumo de tabaco, com valores muito acima do total
nacional. Em sentido contrário, estão as regiões Norte, Madeira e
Açores.Relativamente ao consumo atual, os valores registados no Alentejo (17,2%) são mais do dobro do registado no Norte (7,8%).Quanto
às drogas ilícitas, o consumo recente caiu para menos de metade, embora
o Algarve (8,8%) e o Alentejo (8,5) continuem com as maiores
prevalências de canábis, ao contrário do Norte (4,3%). “A canábis é, de
longe, a substância ilícita mais consumida” em todas as regiões do
país”, sublinha.No que respeita às outras
drogas ilícitas as prevalências são bastante aproximadas, variando entre
2% (Norte) e 4% (Alentejo, Açores e Algarve).Os
Açores apresentam a maior percentagem de alunos que dizem jogar
videojogos quatro ou mais horas diárias (17% em dias de escola e 38% em
dias sem escola), sendo também a região onde o jogo eletrónico numa base
diária (quatro ou mais dias na última semana) é mais prevalente (43%).No
Norte, Centro e Algarve, os alunos passam menos tempo a jogar num dia
de escola (9% declaram jogar quatro ou mais horas diárias).O
Alentejo destaca-se por menor tempo diário de jogo num dia sem aulas
(26%) e é também a região com a menor percentagem de alunos que
declararam jogar quatro ou mais dias na última semana à data do
inquérito (33%).Em contraciclo com os
outros comportamentos aditivos, o jogo a dinheiro no último ano
tornou-se mais prevalente entre os alunos, verificando-se um aumento de 5
p.p. no total do país. Ainda que todas as
regiões acompanhem a tendência nacional, no plano regional o panorama é
diferente face ao estudo anterior. A subida variou entre 4p.p., no
Norte, e 11 p.p., nos Açores, onde a prevalência do jogo a dinheiro no
último ano praticamente triplicou.O ICAD
reforça que este estudo “é uma ferramenta estratégica para definir
políticas públicas, apoiar escolas e famílias e promover uma sociedade
mais saudável”, assim como para “orientar políticas e ações adaptadas à
realidade de cada região”.