Consumo de álcool e tabaco aumentou do 1º para o 2º confinamento
Covid-19
22 de abr. de 2021, 15:02
— Lusa/AO Online
As
conclusões do estudo, liderado pelos investigadores da Escola de
Medicina da Universidade do Minho (UMinho) Pedro Morgado e Maria
Picó-Perez, a que a Lusa teve acesso, apontam que o consumo de "jogos de
azar" e canábis registaram também aumento do confinamento iniciado em
março de 2020 para o iniciado em janeiro de 2021. A
mesma investigação salienta a "adaptação" aos confinamentos consoante
ele decorria, uma vez que, em ambos os níveis de stress, ansiedade e
sintomas depressivos, que atingiram patamares idênticos em 2020 e 2021,
foram "diminuindo ao longo do tempo"."Este
fenómeno replica a reação com adaptação que já se tinha observado no
primeiro confinamento", concluíram os investigadores. Quanto
aos hábitos dos inquiridos, a investigação aponta para o aumento do
consumo de tabaco e de "comida de plástico" (12,8% ambos) entre o
primeiro e o segundo confinamento. O consumo de álcool também teve um
"aumento particular" (11,2%), sendo "sobretudo notório entre os homens,
que aumentaram o consumo de bebidas alcoólicas em 22,6%. A
ingestão de bebidas energéticas aumentou 6,3%, o consumo de jogos de
fortuna e azar aumentou 2,3% e o consumo de canábis aumentou em 1% dos
participantes.Por outro lado, os sintomas
obsessivos (medidos, por exemplo, pela lavagem excessiva das mãos),
aponta o texto, "diminuíram sistematicamente desde o início da pandemia,
apresentando em 2021 valores significativamente mais baixos do que os
observados em março de 2020"."Apesar de
termos mais conhecimento acerca do vírus e de estarmos melhor preparados
para as dificuldades do confinamento, também estamos mais cansados e
vimos defraudada a expectativa de que 2021 seria muito melhor do que
2020", refere, em comunicado enviado à Lusa, Pedro Morgado. Segundo
o investigador "o ser humano tem uma extraordinária capacidade de
adaptação e que, apesar das adversidades, os sintomas reduziram-se ao
longo do confinamento".A investigação
salienta ainda que em fevereiro de 2021 mais de 20% da amostra tinha
consultas de saúde mental em curso, pelo que Pedro Morgado salienta a
importância das medidas de prevenção de comportamentos e monitorização
dos comportamentos aditivos."São sempre mecanismos 'desadaptativos' de gestão do sofrimento", afirma.O estudo agora dado a conhecer faz parte de um projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.Os
dados foram recolhidos em março e abril de 2020 e em fevereiro e março
de 2021, sendo que em 2020 a amostra era constituída por 2042 pessoas
das quais 624 pessoas responderam também em 2021.